quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Yusuf Yslam

Publicado originalmente em 04/04/2006

Quando eu era criança, com um violão no colo, descobri um tal de Cat Stevens. Eu gostava e não sabia porque. Alguns anos depois, ao retomar aos mesmos discos, sabendo um pouco mais da lingua nativa de CS, descobri que gostava muito daquelas letras. Era como se algo novo aparecesse de repente outra vez. Achava que havia uma angústia nada condizente com todo o aparato pop que o cercava, mas eu consumia. Outros tantos anos depois veio a notícia de que ele largara tudo pela religião e que "trocara" seu nome por Ysuf Islam. Os jornais (internet nem pensar ainda) comentaram e foi esquecido. Quando a rede estava começando surgiu o boato de que ele voltara a gravar e achei (com dificuldade porque as ferramentas de busca eram incipientes) uma capa e um comentário. Mais anos se passaram até que eu visse sua foto em um jornal e essa espera foi até aparecer poucos anos atrás um DVD com um antigo show e uma nova entrevista. Coerência foi o que saltou aos olhos. Parecia que tudo o que ele escrevera era do fundo do coração e que precisou largar o turbilhão do show business pra encontrar com seu verdadeiro eu. Agora eu estava assistindo a um video dele com Peter Gabriel e de novo a mesma sensação de coerência. Quantos homens/mulheres conseguem ser coerentes? Quantos humanos conseguem se transformar para que seu sonho se torne real? Estamos imobilizados. As desculpas são muitas. Nossa correria, nosso cotidiário, nosso dia-a-dia nos permite sermos falhos, justifica nossas falhas e nos habituamos com isso. Porque? Porque não se pode mudar? Porque temos que ficar arraigados a valores mutantes? Acho que no fundo é porque não temos valores e quando finalmente os encontramos, alguém nos diz que é tarde. Porque é tarde? Tarde pra que? Alguém sabe quanto tempo resta? Se souber, por favor me diga, porque nos movemos na sombra do que não queremos encontrar. Caminhamos como condenados que querem aproveitar ao máximo ou estão resignados com seu futuro. Não há futuro... assim.

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