publicado originalmente em 13/02/2006
O caso do menino que foi arrastado por marginais no subúrbio carioca gerou uma onda de indignação. Infelizmente ele logo será esquecido. Enquanto for notícia estará nos jornais, mas só enquanto. Depois ficará relegado a algum recanto perdido da memória das multidões.
Enquanto isso não acontece, as pessoas relembram outros casos:
“O atual ministro não é o advogado de defesa dos filhos de magistrados que incendiaram o índio em Brasília há uns dez anos? Ou estou enganada? Minha memória às vezes me trai. Se for verdade, vocês acham que ele merece ser ministro da justiça? Que eu saiba, os monstros que incendiaram o índio estão livres, não é mesmo?”
Há justiça, ela pode até não acontecer nesse mundo, nesse plano físico, mas com certeza ela se fará sentir em outro nível.
“Lembram daquele monstro que entrou no shopping em SP e metralhou o pessoal que estava no cinema há uns dez anos ou um pouco menos? Há uma ou duas semanas eu soube que ele estava prestes a entrar em regime semi-aberto.”
Como está “aquele monstro”? Será que sua consciência está tranqüila? S pessoas chegam a afirmar que: “Vocês sabiam que daqui a poucos anos, muito poucos mesmo, esses monstros que trucidaram o João Hélio estarão na rua de novo? Sabiam que eles já tinham ficha criminal e condenação anterior?” Eu é que me pergunto se é perigoso fazer esse tipo de afirmação. Principalmente quando leio coisas assim:
“Quando é que vamos nos unir e começar a jogar coquetéis molotov nos Tribunais de (in) Justiça? Não adianta implorar, não adianta fazer abaixo-assinado, não adianta berrar, o jeito é usar o mesmo método dos facínoras que eles libertam: matar todos esses "magistrados" filhos da puta.”
Lembro-me logo dos tempos em que queimavam livros. Não acredito na violência como resposta à violência. Lembro sim, de Einstein, quando afirmava que os exércitos não eram necessários e que a existência deles revelava o lado belicoso, mesmo que se tratando só para defesa. Defesa?
A provocação está aí. Somos diariamente incitados a agirmos pelas próprias mãos quando não temos capacidade de discernir sobre o certo e o errado. Precisamos de paz. Almejamos a paz, por mais difícil que ela esteja. Almejamos por menos desigualdade social. Ansiamos por um mundo mais pacífico, mas será que nós o alcançaremos pregando a violência, a retaliação? Será que seria isso que o pequeno João Hélio, ainda cheio de vida ou mesmo agora em um outro plano queria ou quer para esse mundo? Como sempre são muitas perguntas e como sempre as respsotas não são nem um pouco fáceis.
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