quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Não era pra ser assim...

Era pra atualizar esse blog mais de uma vez por mês, mas não está dando, em todo caso, já que estou aqui, aproveito pra reproduzir um email que enviei em resposta a uma colocação interessante sobre sonhos que recebi de um rapaz. No começo pode parecer confuso sem ler o email dele, mas pelo meu dá pra saber bem o teor da conversa., uma boa conversa sobre sonhos, onde ele achou que eu não acreditava nos sonhos, mas vamos a ele:

Antes de mais nada fique calmo. As coisas que eu descrevi, pra mim são loucuras, mas aconteceram comigo e de forma bastante real. Se sua namorada acordou triste porque sonhou que você a traía eu acordei satisfeito porque sonhei ter tocado com um cara de quem eu nem gosto tanto assim. Quando perguntei qual a tua idade é pra saber se você está acostumado a esse tipo de coisa ou não, ou a quanto você está acostumado com esse tipo de coisa. Ninguém aqui está na terceira série, e se alguém falar em terceira idade vai apanhar. Não me passou pela cabeça achar que você estava contando vantagem, porque nem sei qual "vantagem" seria essa. "Dar cavalo de pau"? Não me pareceu nada disso. Agora percebo que você até se assustou com o que sonhou. Perceba a experiência da tua namorada. Esclarece bastante os meandros da nossa mente. Novamente eu afirmo: não usamos nem 10% da nossa capacidade (você citou 50%, portanto foi bastante otimista). A "placa na porta" referia-se à Lucy do Charlie Brown que fazia atendimento em uma banquinha do tipo que usam (lá) pra vender limonada. Minha infância foi lendo Charlie Brown, portanto uma lembrança boa de infância não pode ser tomada como algo ruim depois. Todos os sonhos que tive tocando teclado e saindo som (como você disse) foram quando eu NÃO tocava teclado. Quando comecei a tocar a realidade dos acordes levaram embora os sonhos das turnês. Mais comumente acordo com melodias inteiras na cabeça e se não as escrevo ou gravo elas se perdem no primeiro bom dia. Muitas músicas minhas foram compostas assim e isso tem várias explicações. Muitas através da psicanálise Freudiana, mas essas eu levo muito menos a sério do que todas as outras que me parecem muito mais plausíveis do que analíticas. O sonhar é uma liberação, um momento em que o desprendimento nos faz ser o que quisermos. Difícil é, tendo sonhado com o "concerto com orquestra" (pra citar um exemplo meu) sentar ao piano e executar o que acabei de sonhar. Se já tentei? Muitas vezes! Se consegui? Nenhuma. Não sou um pianista. Não tenho a técnica que sonho ter. Isso é um problema? De jeito nenhum. Se eu estudasse talvez chegasse lá, mas não me interesso (pelo menos por enquanto). Se era pra levar na brincadeira? Claro que era. Mas se quisesse conversar em PVT, veria que a conversa iria mudar bastante de tom e poderíamos conversar sobre algumas coisas que não vem ao caso aqui. E estou respondendo aqui, apenas porque você não entendeu meu senso de humor (recomendo leitura com atenção redobrada às respostas do Gilberto, ele consegue ser muito mais sarcástico do que eu). Quanto a "reproduzir o som", é válido entrar no mérito da percepção sonora durante os sonhos. Se você está sonhando que está conseguindo tocar, sua percepção será positiva. Conheço uma pianista clássica, doutora em música, que tem sonhos onde não consegue tocar nada. Quando coloca as mãos no piano, ele está desafinado, ou ela erra os acordes ou por mais que toque certo o que ouve são erros. De sonho a pesadelo em um passo. Porque será que ela sonha com isso? Qual o tipo de insegurança ela tem? A sua idade esclareceria quanto de confiança você tem em você. O quanto você tem de energia extra pra enfrentar os outros desafios (e não apenas os musicais) que estão te esperando pela vida. Os sonhos são reflexos do nosso cotidiano e de como o enfrentamos. Pelo que você descreveu o mais interessante, não é o fato do som sair perfeito, mas da sua percepção de um som perfeito. Pra você, ainda há muita força. Não conseguiram te abater e os "lenhadores de gente" vão se empenhar em fazê-lo. Seus futuros colegas de trabalho (seja ele qual for) mesmo sem querer, podem contribuir pra minar sua resistência ou pra te pegar em um dia não tão bom. "Pode" acontecer não é que "vá" acontecer. São conjecturas partindo do que você descreveu e com base em outros tantos teóricos e filósofos que estão por aí. Quanto a ser louco, eu sou.

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