quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Gravar ou não gravar?

Publicado originalmente em 10/04/2006

Quando não tinha internet, a gente sintonizava a EldoPop ou outra rádio e gravava de lá.
Os amigos apareciam em casa com um LP legal e a gente gravava (legalmente esses simples atos são pirataria).
Então, por favor, desinventem o gravado K7. Desinventem tudo o que grava.
Quem não tem dinheiro não compra. Peter Gabriel falou que se ele fosse estudante hoje, com certeza trocaria MP3, mas ele não é mais e tem que zelar pela sua criação, mas a que custo?
Tem gente que fala de música e não tem CD em casa, só gravava compilações em MP3 pra ouvir no computador.
Aí inventaram os tocadores de MP3, os "radios" de carro que tocam MP3. Portanto solicito que desinventem isso tudo.
Se eu não poder mais gravar nada, nem em K7, vou conhecer muito menos, isso é certo, já que muita coisa que passei a conhecer veio de ouvir falar e procurar uma MP3 pra ouvir. Se o artista fez trabalhos que me agradaram, eu vou comprar, se só fez aquilo, vou ficar com aquela música só, em um MP3 player ou outro.
Se desinventarem tudo, voltaremos à época do rádio. Estaremos mais propícios a comprar e a nos desiludirmos. Seremos mais seletivos no que comprar. Mas não somos?
O que a indústria (de música) não consegue acompanhar é o que outra indústria está desenvolvendo.
Um CD ão difere em nada de um LP. Um DVD é um VHS. Nisso nada mudou, mas todo o entorno está diferente.
Um professor, um quadro negro, uma sala de aula. Nada disso mudou. Se meu avô voltasse aqui hoje, reconheceria facilmente uma sala de aula, mas ficaria intrigado com um computador e com uma rádio em um computador. Ele era técnico em eletrônica e um rádio transistor foi uma novidade e tanto na época dele, mas ainda se parecia com um rádio.
O que será que querem de nós?
Paramos de consumir música ou os produtos eletrônicos que são feitos pra ouvi-la?
Quanto tempo vai levar pra que todo DVD player será um gravador?
Quanto tempo vai levar pra indústria (musical) perceber que o número de artistas aumentou em muito, mas ela (a indústria) continua na primitiva era dos LPs, gastando em promoção e jabá o que deveria ser investido em música.
Desinventem o mundo, banam a criatividade humana.
Só que sem criatividade não haverá músicos, artistas e afins.
Sem eles também não haverá essa indústria retrógroda e viciada.
Será que é isso que a indústria (da música) quer?

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