20/06/2006 Uma revista Exame Especial, que traz na capa um burro atrás de uma mesa, pergunta porque trabalhamos demais. Nessa matéria eles citam um velho conhecido meu, autor no famoso "Ócio Criativo" Domenico diMasi. Fazem aquela avaliação superficial deles, mas como matéria de capa, até que chegam a algumas conclusões. Nada novo, mas mostram pra aqueles que estão ralando feito condenados que a luz no final do túnel pode estar do outro lado.
Isso do trabalho em excesso é o tema principal aqui neste espaço. Acho um absurdo a quantidade de horas que as pessoas gastam nesse tal de "escritório". Um artigo de 1988 de J.C.Dvorak na revista PC Computing, dizia que em 10 anos os escritórios seriam apenas locais de encontros, que as pessoas não precisariam comparecer pra trabalhar porque todas as ferramentas necessárias estariam nas mãos delas em casa. Mostrou alguns exemplos, mas esqueceu o mais importante.
Dvorak esqueceu o mais retrógrado dos retrógrados, o mais estúpidos dos seres que aqueles que ousam pronunciar seu nome chamam de chefe. Chefe inteligente é uma definição inexistente. Pela própria definição de chefe, ele não pode ser inteligente. Associar as duas palavras é crime a ser punido pelo novo código penal.
O chefe é aquele que participa das reuniões onde o chefe do chefe informa o que quer. Como o chefe é burro, ele chega contanto como foi a reunião, quem estava, quantos cafezinhos foram servidos, pra só depois lembrar que o tema era "vamos acabar com os que não trabalham". O que soa como um suicídio coletivo das chefias e ólíticos, trata-se na verdade de implantar os mais retrógrados meios de "controle de produtividade" através da presença do empregado no escritório. Argh!!!
As bestas que ocupam cargos de chefia, associam a presença do empregado à sua produtividade. Não acreditam que alguém possa ser produtivo andando na rua ou mesmo jogando tênis. Por isso eles são umas bestas. Para manter os empregados enjaulados, é preciso dar-lhes as melhores condições inimagináveis de trabalho. Ar-condicionado, um bom comuptador, silêncio e privacidade não precisam ser mencionados porque são o mínimo que se espera. Mas então mais o que? Mais o que cada um precisar. Um vai precisar de um som alto nas orelhas pra se concentrar, outro vai ficar jogando io-io por horas até ter um "insight", outro precisa dar uma volta na praça ou tem aquele que precisa se sentir livre.
Tem o tipo do cara, que só vai conseguir resolver um problema se estiver tocando guitarra, se estiver em uma onda, se não estiver entre quatro paredes forçado a pensar em um ambiente muitas vezes mais semelhante à uma feira livre do que a uma biblioteca.
Como existem diferentes personalidades, voce pode encontrar com um que precise de tumulto pra pensar ou com seu oposto. Importante é que ambos tenham privacidade. Um pra fazer todo o tumulto que precisa e o outro pra ter o silêncio absoluto.
Certa vez ouvi o presidente do Lucent Labs em uma entrevista. Perguntaram a ele como era ser chefe de uma seleção premiada com Nobel. Ele respondeu com muita simplicidade, que bastava "ver o que eles precisam". Segundo ele o bom chefe é aquele que não interfere na atividade e que ainda propicia melhores condições de trabalho. Com essa receita de sucesso, quando voce olhar novamente pro seu chefe, gordo atrás da mesa, querendo saber porque voce chegou dois minutos atrasado e descontando até os décimos de atraso, mas te obrigando a bater o cartão de ponto no horário e depois voltar pra sua mesa e continuar o trabalho, não omate. Mude de emprego. Mude sem medo, porque nem ele nem essa empresa vão durar muito e é melhor que você esteja fora dela o mais rápido possível pra poder aproveitar o Sol, o sal, o mar, as ondas e ter uma grande idéia de sucesso.