Muito tem me incomodado nesse final de ano as pessoas falando sobre os desejos. Desejo de melhora, desejo de prosperidade, desejo de saúde, desejo de realização dos desejos. Por algum motivo essa palavra vem me incomodando cada vez mais, como se o desejo fosse mais um bem de consumo fundamental à existência. Como se o desejo bastasse para resolver os problemas do mundo, como se mais desejo fosse sanar a doença da humanidade. Como se mais desejo fosse preencher o vazio da falta de amor.
Enquanto arrumava as malas para a viagem para Vrajabhumi, onde vou cruzar o ano, encontrei ali no site deles um texto bem interessante. Deixo vocês com ele e com o novo ano que se inicia, não que isso faça alguma diferença, porque nada muda se não mudarmos a nós mesmos interiormente.
Mitakuye Oyasin
(por todas as nossas relações)
"Há quatro classes de seres humanos. Na quarta classe estão os seres humanos que estão grosseiramente presos ao conceito corpóreo e cujas atividades se resumem à busca de prazeres meramente sensoriais. Na terceira classe estão os seres humanos na plataforma mental. Esses são mais sentimentais e sentimentalistas e buscam prazeres mais sutis, como poesia, artes em geral, altruísmo etc. Aqueles que estão na plataforma intelectual são considerados seres humanos de segunda classe. Situados além do conceito corpóreo grosseiro e da condição mental, eles sentem prazer no cultivo do conhecimento. Entre eles estão os cientistas e os filósofos. Finalmente, existem os seres humanos de primeira classe, que conseguiram transcender os aspectos corpóreos, mentais e até intelectuais e atingiram a plataforma espiritual. Eles vivem cultivando virtudes divinas e têm como meta da vida a auto-realização espiritual. Entre eles, estão os diferentes tipos de yogis. E, no que diz respeito aos religiosos, podemos perceber que eles também podem se enquadrar nos quatro níveis mencionados. Mas, independentemente de convicção religiosa ou fé, aqueles que vão além do conceito religioso mundano e penetram na verdadeira espiritualidade, conscientes de sua identidade espiritual eterna, todos esses são considerados transcendentalistas.
Visitante: Você explicou as causas da alteração da consciência. Mas o que devemos fazer para retornarmos à nossa consciência original?
Swami: Como nós somos partes integrantes da Verdade Absoluta, somos originalmente plenos de satisfação, devido ao nosso contato permanente com essa Verdade. Nesse estado original consciente de Krishna, não existe a menor possibilidade de desejarmos alguma espécie de satisfação pessoal egoísta, pois vivemos naturalmente em função do gozo dos sentidos do Senhor, assim como os rios fluem naturalmente para o oceano.Estamos em contato com o gozo dos sentidos há milhares de nascimentos e isso tem tornado a nossa mente cada vez mais exigente e mal acostumada. Estudando a literatura védica pode-se compreender claramente que quanto mais a mente entra em contato com a proposta de gozo dos sentidos, mais ela se torna agitada e, conseqüentemente, insatisfeita. Dessa maneira, quanto mais desejos cultivar, mais a pessoa ficará agitada e insatisfeita. A conclusão natural é que só se pode obter satisfação da mente afastando dela os pensamentos que produzem gozo dos sentidos. Essa determinação de afastar a mente da busca por prazer material é uma das verdadeiras austeridades da mente e o resultado dessa prática constante é a satisfação mental.
A Bhagavad-gita explica que duspurena analena cha: da mesma forma como o fogo nunca se extingue através de um suprimento constante de combustível, ninguém pode ficar satisfeito tentando satisfazer seus desejos materiais. Para alcançar a completa satisfação, a pessoa tem que estar completamente livre de desejos, akama. Porém, essa ausência completa de desejos não pode ser mal compreendida. Tornar-se sem desejos significa não desejar nada para o gozo dos sentidos. Desejar é inerente a toda entidade viva. Sendo assim, o desejo de tornar-se consciente de Krishna é verdadeira ausência de desejos."
Swami: Como nós somos partes integrantes da Verdade Absoluta, somos originalmente plenos de satisfação, devido ao nosso contato permanente com essa Verdade. Nesse estado original consciente de Krishna, não existe a menor possibilidade de desejarmos alguma espécie de satisfação pessoal egoísta, pois vivemos naturalmente em função do gozo dos sentidos do Senhor, assim como os rios fluem naturalmente para o oceano.Estamos em contato com o gozo dos sentidos há milhares de nascimentos e isso tem tornado a nossa mente cada vez mais exigente e mal acostumada. Estudando a literatura védica pode-se compreender claramente que quanto mais a mente entra em contato com a proposta de gozo dos sentidos, mais ela se torna agitada e, conseqüentemente, insatisfeita. Dessa maneira, quanto mais desejos cultivar, mais a pessoa ficará agitada e insatisfeita. A conclusão natural é que só se pode obter satisfação da mente afastando dela os pensamentos que produzem gozo dos sentidos. Essa determinação de afastar a mente da busca por prazer material é uma das verdadeiras austeridades da mente e o resultado dessa prática constante é a satisfação mental.
A Bhagavad-gita explica que duspurena analena cha: da mesma forma como o fogo nunca se extingue através de um suprimento constante de combustível, ninguém pode ficar satisfeito tentando satisfazer seus desejos materiais. Para alcançar a completa satisfação, a pessoa tem que estar completamente livre de desejos, akama. Porém, essa ausência completa de desejos não pode ser mal compreendida. Tornar-se sem desejos significa não desejar nada para o gozo dos sentidos. Desejar é inerente a toda entidade viva. Sendo assim, o desejo de tornar-se consciente de Krishna é verdadeira ausência de desejos."
Publicado originalmente em:
Nenhum comentário:
Postar um comentário