quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Diálogos para a informação de qualidade

A OEA reuniu um grupo de funcionários públicos relacionados às políticas sociais de países da América Central para debater com jornalistas, acadêmicos, e organizações da cooperação internacional sobre como a infância e a adolescência são tratadas pela imprensa.

O encontro acaba de ser realizado na Guatemala. O exercício conjunto entre fontes governamentais de informação e jornalistas não é coisa de toda hora e obviamente enriquece a cobertura: a qualidade da notícia é uma co-responsabilidade dos meios de comunicação e das fontes.

Há muitas razões para desejar avanços na performance jornalística. Aí estão uns poucos exemplos (considerando estudos sobre a imprensa de 11 países da AL):

- a Educação é tema com muito espaço nos meios, mas raramente são ouvidos os professores e os alunos, o que torna a cobertura algo disperso entre questões de infraestrutura, o serviço de volta às aulas e greves. A qualidade de ensino, desafio maior do continente, é pouco debatida;

- a Violência (vitimando jovens ou protagonizada por eles) não é observada pela imprensa como fenômeno social, limitando-se a um desfile descabido de casos isolados e com forte tendência à criminalização da juventude;

- a Desnutrição, que vitimiza milhões de crianças no continente, não consegue ganhar uma abordagem jornalística capaz de mobilizar as sociedades para o combate a esta verdadeira vergonha das políticas públicas de vários países.

O encontro foi promovido pelo Instituto Interamericano del Niño, Niña y Adolescentes (OEA), com a Agência Canadanense para o Desenvolvimento, Universidade Mariano Galvez e Secretaria de Bem Estar Social da Guatamela. As agências de notícias Pandi (Colômbia) e La Nana/Civitas (Guatemala), ambas da Rede Andi, participaram desta rodada de diálogos que já passou pela Colômbia e terá uma terceira edição na Jamaica. Participei como painelista em nome da Andi, ong da qual somos – o chargista Claudius e eu – conselheiros.

* O povo da Guatemala, que semana passada enfrentou chuvas e enchentes, segue buscando a realização de seus sonhos. O país possui riquezas naturais e uma terra onde se plantando tudo dá, mas tem um dos piores conjuntos de indicadores sociais do continente. 45% das pessoas em idade escolar não frequentam a escola. O sistema de saúde pública está literalmente falido. Há muita pobreza e fome. É um país predominantemente jovem, cuja população de 14 milhões de habitantes é 60% indígena. O povo Maia é maioria. O que diz e o que não diz o Calendário Maia para 2012 é outro papo, mas nos próximos dias os candidatos ao segundo turno das eleições presidenciais protagonizam algo bem parecido com o fim do mundo: o eleitor pode escolher a cruz ou a espada.
Bhaskar
Ilustração Claudius

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