quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Amigos até o fim...

Seja lá o que isso queira dizer.
Eu conheci o Michael através de um outro amigo. Ruy era filho do dono de uma loja de brinquedos no meu bairro. De tanto frequentar a loja e babar pelos brinquedos da vitrine, anos a fio, logo estávamos conversando sobre outros assuntos, afinal a loja de brinquedos não era como as de hoje e também era papelaria. Descobrimos que gostávamos do mesmo som e dali pra ouvirmos música juntos foi rápido. Tão rápido quanto ser apresentado ao Michael, que além de tudo tocava bateria. Ficávamos os três juntos imersos conversando e papeando no quarto do Ruy, que morava em frente do Michael, a uma quadra da casa dos meus pais. Era prático nos encontrarmos ali.
Por vezes eu e Michael nos uníamos contra Ruy, ou eles contra mim e todas as combinações possíveis.
Nós ficamos juntos alguns anos até a faculdade. Nela, eu e Michael mesmo em cursos diferentes, chegamos a tocar em alguns festivais. No final dos anos 70 já não nos víamos tanto e de repente paramos de nos ver.
Vira e mexe um sabia do outro e fomos em frente.
Anos se passaram até que minha mãe me avisou que acharra um bilhete embaixo da porta. Era Michael que ressurgia das cinzas do seu "exílio". Mudara-se para os EUA e de passagem tentara nos encontrar. Ligamos, falamos, internet a mil e voltamos a nos ver. Perguntávamos pelo Ruy e começamos a pesquisar por onde ele andaria sem muito sucesso.
Até que algumas semanas atrás, a irmão do Ruy respondeu uma mensagem minha no Facebook e bingo, finalmente o email do cara. Mas aí meu problema era outro. Michael sumira outra vez. Não respondia os emails, não aparecia no Facebook. Só não liguei pra mãe dele. Ficava pensando se precisaria chegar a tanto, mas agora tendo achado o Ruy, parecia um bom motivo. Mas havia a esposa dele e ela respondeu uma mensagem que deixei no Facebook e conversamos depois no Skype. As notícias não eram boas. Micahel havia partido há um ano. Cruzara o rio e nem ao menos dissemos a última bobagem. Não nos unimos contra o Ruy e tudo agora parece uma piada sem graça.
Quando outro amigo, de nome parecido mas outra grafia partiu, seu filho virou pra mim e perguntou quem ia dizer o que era certo ou errado pra ele. Como eu podia dizer algo? Não tinha nenhuma boa idéia e falei pra ele se lembrar do pai.
Agora eu ando me perguntando coisas parecidas. Não sobre o certo ou errado, mas sobre as massas que não comemos, os sons que não ouvimos, os abraços que não demos.
Parece sem sentido a frase "Amigos até o fim!" que ouvi em algum filme americano.
Fica um vazio. É horrível pra quem fica. Eu estou me sentindo mal, mas e a filha, a esposa, a mãe? Caramba, o vazio deve ser muito maior.
Parece que só tem um jeito de preenche-lo e é com o próprio ausente. Lembrar dele, te-lo por perto acaba sendo um paliativo para a ausência. Lembrar o que ele diria, a bronca que ele daria, a risada. Sei que parece cruel, mas hoje é a única resposta.
Saudade do que não fizemos, do que faríamos e do que não concluímos.
A única coisa que concluída foi o tempo de permanência aqui.
Pra quem acredita que há mais depois é um consolo. Pra quem não, só posso lamentar.
Fica a saudade.
Onde quer que você esteja grandão, um dia ainda vamos nos encontrar.
Fique em paz
Seja a paz

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