quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Deixe o barro secar

Contam que:
Mariana ficou toda feliz porque ganhou de presente um joguinho de chá. No dia seguinte, Júlia sua amiguinha, veio bem cedo convidá-la para brincar. Mariana não podia, ia sair com a mãe naquela manhã. Júlia então, pediu emprestado o seu conjuntinho de chá pra brincar sozinha na garagem do prédio. Como toda criança, Mariana não queria emprestar, mas com a insistência da amiga, cedeu, mas deixou bem claro seu ciúme pelo brinquedo novo.

Quando voltou do passeio, Mariana ficou chocada ao ver o seu conjuntinho de chá jogado no chão. Faltavam algumas xícaras e a bandejinha estava toda quebrada. Chorando e muito nervosa, ela desabafou:
- Está vendo, mamãe, o que a Júlia fez comigo? Emprestei o meu brinquedo, ela estragou tudo e ainda deixou jogado no chão..
Totalmente descontrolada, Mariana queria, porque queria, ir ao apartamento de Júlia pedir explicações, mas a mãe, com muito carinho ponderou:
- Filhinha, lembra daquele dia quando você saiu com seu vestido novo todo branquinho e um carro, passando, jogou lama em sua roupa? Ao chegar em casa você queria lavar imediatamente aquela sujeira, mas a vovó não deixou. Você lembra o que a vovó falou?

- Ela falou que era para deixar o barro secar primeiro. Depois ficava mais fácil limpar...
- Pois é, minha filha, com a raiva é a mesma coisa. Deixa a raiva secar primeiro. Depois fica bem mais fácil resolver tudo.


Mariana não entendeu muito bem, mas resolveu seguir o conselho da mãe e foi para a sala ver televisão. Logo tocaram a campainha. Era Júlia, toda sem graça, com um embrulho na mão. Sem que houvesse tempo para qualquer pergunta, ela foi falando:
- Mariana, sabe aquele menino mau da outra rua que fica correndo atrás da gente? Ele veio querendo brincar comigo e eu não deixei. Aí ele ficou bravo e estragou o brinquedo que você me emprestou. Eu contei pra mamãe e ela foi correndo comprar outro igualzinho para você. Espero que você não fique com raiva de mim. Não foi minha culpa.

- Não tem problema, disse Mariana, minha raiva já secou.
E dando um forte abraço em sua amiga, tomou-a pela mão e levou-a para o quarto para contar a história do vestido novo que havia sujado de barro.

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