sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Formadores de consciência

A primeira Conferência de Educação e Entretenimento (Entertainment Education Conference) foi realizada na California (EUA) em 1989. A quinta acontecerá em Nova Delhi (Índia) de 17 a 20 de novembro.

Essas conferências reúnem educadores que não desistiram do papel de educar, artistas que percebem que a estética pode estar a serviço da elevação da ética, produtores de material de diversão e empresas de telecomunicações.

São pessoas que acreditam no poder da “eduternaiment” para melhorar o mundo influenciando comportamentos positivos e assim fazendo transformação social. Mais que formadores de opinião, são comunicadores-educadores que formam consciência.

O Brasil tem boa riqueza de experiências coordenadas por ongs, movimentos populares e mesmo novelas de televisão. Sim, a trajetória especialmente da Globo com o chamado “merchandizing social” é uma expressão de forte impacto e escala.

Ainda quando mais do que mensagens eventuais de “bom comportamento” desenvolvem-se tramas importantes ao longo de toda uma novela dedicadas a criar um espaço de provocação e reflexão em torno de atitudes, estimulando nova visão de mundo. Agora mesmo a homofobia vai sendo atacada com muita qualidade dramática e conceitual.

A “eduternaiment” se ancora nas tradições orais do teatro, da música, das histórias contadas sob a sombra da mangueira e foi se estendendo para a rádio, a tevê e a imprensa (os tablóides infantis ou as editorias para adolescentes, por exemplo) para agora invadir as redes sociais e telefones celulares.

As empresas de telecomunicações estão sempre de mãos dadas com o universo do entretenimento e por isso vai crescendo a vigilância da sociedade e das famílias para que as companhias e criadores de jogos e outros aplicativos façam amor, não façam a guerra.

A EE Conference de Nova Delhi terá como tema central a saúde, especialmente no que se refere às populações mais fragilizadas em todo o mundo nesta área: as crianças e as mulheres.

Organizam a “EE Conference” entidades de referência internacional: La Iniciativa de Comunicación, Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, University of Texas, Social Justice Initiative e Hollywood Health and Society.

Mais informações:

http://comminit.com/clickthru/737bbfa78f2d56cbdff4db90edd9968a?node=9283663
Publicado originalmente em:
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2011/09/25/formadores-de-consciencia-407722.asp

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Deixe o barro secar

Contam que:
Mariana ficou toda feliz porque ganhou de presente um joguinho de chá. No dia seguinte, Júlia sua amiguinha, veio bem cedo convidá-la para brincar. Mariana não podia, ia sair com a mãe naquela manhã. Júlia então, pediu emprestado o seu conjuntinho de chá pra brincar sozinha na garagem do prédio. Como toda criança, Mariana não queria emprestar, mas com a insistência da amiga, cedeu, mas deixou bem claro seu ciúme pelo brinquedo novo.

Quando voltou do passeio, Mariana ficou chocada ao ver o seu conjuntinho de chá jogado no chão. Faltavam algumas xícaras e a bandejinha estava toda quebrada. Chorando e muito nervosa, ela desabafou:
- Está vendo, mamãe, o que a Júlia fez comigo? Emprestei o meu brinquedo, ela estragou tudo e ainda deixou jogado no chão..
Totalmente descontrolada, Mariana queria, porque queria, ir ao apartamento de Júlia pedir explicações, mas a mãe, com muito carinho ponderou:
- Filhinha, lembra daquele dia quando você saiu com seu vestido novo todo branquinho e um carro, passando, jogou lama em sua roupa? Ao chegar em casa você queria lavar imediatamente aquela sujeira, mas a vovó não deixou. Você lembra o que a vovó falou?

- Ela falou que era para deixar o barro secar primeiro. Depois ficava mais fácil limpar...
- Pois é, minha filha, com a raiva é a mesma coisa. Deixa a raiva secar primeiro. Depois fica bem mais fácil resolver tudo.


Mariana não entendeu muito bem, mas resolveu seguir o conselho da mãe e foi para a sala ver televisão. Logo tocaram a campainha. Era Júlia, toda sem graça, com um embrulho na mão. Sem que houvesse tempo para qualquer pergunta, ela foi falando:
- Mariana, sabe aquele menino mau da outra rua que fica correndo atrás da gente? Ele veio querendo brincar comigo e eu não deixei. Aí ele ficou bravo e estragou o brinquedo que você me emprestou. Eu contei pra mamãe e ela foi correndo comprar outro igualzinho para você. Espero que você não fique com raiva de mim. Não foi minha culpa.

- Não tem problema, disse Mariana, minha raiva já secou.
E dando um forte abraço em sua amiga, tomou-a pela mão e levou-a para o quarto para contar a história do vestido novo que havia sujado de barro.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Remover os elementos grosseiros do ser

As pessoas vivem de modo muito grosseiro, com raiva, com ciúme, com possessividade, com o ego. É preciso remover todos esses elementos grosseiros do ser, pois eles destroem muita energia, desperdiçam imensas oportunidades.

Toda essa energia deve ser transformada em canções, em alegria, em amor, em paz. E então a vida se torna poesia, passa a ser pura alegria.

O mero existir já é mais do que podemos pedir. O mero respirar é prova suficiente de que Deus existe, pois cada sopro de vida traz em si um grande êxtase. A vida se torna tamanha harmonia e melodia, tamanha dança, que nem se pode acreditar ser possível. Só se pode acreditar quando acontece.

Osho, em "Meditações Para a Noite"
Imagem por por lamazone

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Antoine na prisão (2)

Essa história do Antoine Marie Roger, Conde de Exupéry ou Antoine de Saint Exupéry do post anterior (logo aqui embaixo) está em vários blogs aqui da rede com as tradicionais distorções. Geralmente consideram Exupéry um romântico autor de histórias infantis, quando ele foi um observador. Tanto de profissão, durante as guerras quanto de vida. Observava e questionava a vida como ela era. Capaz de arrancar lindas imagens de uma simples fila de caminhões nas estradas à noite, seus questionamentos marcaram uma geração muito velha para viver o momento Paz e Amor que se sucederia.

Mas o motivo disso tudo é que esse texto, publicado em um jornal (fico devendo o nome) francês com o título de O Sorriso, foi alvo de uma matéria da monja Susan Andrwes na revista Época meses atrás. Ali, ela dizia o seguinte:


St. Exupéry disse: "Minha vida foi salva por um sorriso do coração". (nota: "do coração" é por conta dela)

O que foi aquela "chama" que pulou entre o coração desses dois homens? Isso tem sido tema de intensa pesquisa atualmente, na medida em que os cientistas estão se dando conta de que o coração não é meramente uma bomba mecânica, mas um sofisticado sistema para receber e processar informações. De fato, o coração envia mais mensagens ao cérebro que o cérebro envia ao coração! Como disse o filósofo francês Blaise Pascal: "O coração tem razões que a própria razão desconhece".

Estados emocionais negativos, como raiva ou frustração, geram ondas eletromagnéticas totalmente caóticas do coração, como se estivéssemos pisando no acelerador e no breque simultaneamente. Esse estado de batimentos desordenados é chamado de "incoerência cardíaca" e está ligado a doença cardíaca, envelhecimento precoce, câncer e morte prematura.

Em estados de amor ou gratidão, nosso batimento cardíaco torna-se "coerente". Isso diminui a secreção dos hormônios do estresse, reduz a depressão, hipertensão e insônia, melhora o sistema imune e aumenta a clareza mental. Essa é uma das razões pelas quais tem sido provado que as emoções positivas estão associadas à boa saúde física e mental - e à longevidade. Essa irradiação coerente do coração - essa "chama" de genuína afeição - pode afetar pessoas a uma distância de até 5 metros!

Logo, na próxima vez em que você estiver numa situação difícil, respire profundamente, lembre-se de St. Exupéry e do Pequeno Príncipe e irradie a energia de seu coração.

Como o Pequeno Príncipe nos lembrou, "somente com o coração podemos ver com clareza".

SUSAN ANDREWS
psicóloga e monja iogue. Autora do livro Stress a Seu Favor.

Tudo está muito bem, mas não consigo ficar calado com esse negócio de achar que o músculo do coração é nossa alma. Aproveitam pra falar das pesquisas científicas, etc, porque muita gente precisa disso pra acreditar que tem uma alma. Se o coração músculo fosse o coração da alma, eles estariam no mesmo lugar. Mas não estão.

Quando alguém sente o famoso "aperto no coração", ele não acontece no lado esquerdo do peito, mas lá pelo centro. Cientistas já tentaram achar o centro do coração  mas é como achar o ar dentro de um balão. Só se percebe com ele cheio. Só se percebe o coração com o portador vivo, com alma.

Os científicos precisam falar de ondas elétricas, eletromagnéticas, cinéticas e outras palavras que são apenas isso. Palavras. Querem explicar e descobrir coisas que não precisam de explicação. Qual a utilidade de se saber aonde está a alma? Sentimos, existimos e nossa existência, a vida, é um milagre por si só.Qual a utilidade de descobrir o centro do coração? Com tudo o que nos cerca, a existência é fabulosa.
Não é o coração músculo que envia dados ao cérebro. É nossa alma que fala ao pé do ouvido (de novo não é a orelha). Nos cabe escutar. Nos cabe silenciar essa mente científica e cheia de perguntas bobas, necessidade de explicações, classificações, mistificações.

Quem leu O Pequeno Príncipe já na idade adulta percebeu que as perguntas do principezinho, deve lembrar que as perguntas dele (que não esquecia uma pergunta feita) eram muito mais perguntas do coração do que da mente. A vida é simples, nós é que a complicamos. Meu pai dizia: "Deus escreve certo, nós é que entortamos as linhas!" 
Não desmereçam a alma, não desmereçam o coração da alma. O coração "cardíaco" é mesmo só um músculo, uma bomba. Tanto quanto nosso cérebro somos nós. Somos? Nos reduzimos a uma massa de neurônios? De jeito nenhum.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Antoine na prisão (1)

Tem uma história do Antoine Marie Roger, Conde de Exupéry que anda circulando pela internet. Tenho vaga lembrança de uma história (das muitas) que meu pai me contava bem parecida. Descobri que não está em nenhum de seus livros, mas em um artigo de jornal com o título O Sorriso.

Ele foi enviado a Espanha durante a Guerra Espanhola para escrever sobre ela, era um correspondente informal já que não era jornalista. Não achei o artigo original, mas algo bem próximo:


"Ele disse que ele foi capturado pelo inimigo e jogado em uma cela de prisão. Tinha certeza que a partir dos olhares de desprezo e pelo tratamento áspero que recebeu de seus carcereiros, seria executado no dia seguinte.

"Eu tinha certeza de que estava para ser morto. Tornei-me terrivelmente nervoso e perturbado. Apalpo meus bolsos para ver se havia algum cigarro que tinha escapado a revista. Encontrei um e por causa de minhas mãos trêmulas, mal conseguia leva-lo aos meus lábios. Mas eu não tinha fósforos, que os haviam tomado.

"Olhei através das grades para o meu carcereiro. Ele não fazia contato visual comigo. Afinal, como fazer contato visual com uma coisa, um cadáver. Chamei por ele 'Você tem fogo por favor?' Ele olhou para mim, encolheu os ombros e se aproximou para acender o cigarro.

Quando ele se aproximou e acendeu o fósforo, seus olhos sem querer encontraram os meus. Naquele momento, eu sorri. Eu não sei por que fiz isso. Talvez fosse nervosismo, talvez fosse porque, quando você chega muito perto, um do outro, é muito difícil não sorrir. Em todo caso, eu sorri. Naquele instante, era como se uma faísca saltasse entre os nossos dois corações, as nossas duas almas humanas. Eu sei que ele não queria , mas meu sorriso saltou por entre as grades e gerou um sorriso nos lábios dele também. Ele acendeu meu cigarro, mas ficou perto, olhando-me diretamente nos olhos e continuando a sorrir.

"Eu ficava sorrindo para ele, agora consciente de si como pessoa e não apenas um carcereiro. E o seu olhar me parecia ter uma nova dimensão também." Você tem filhos? " , perguntou ele. "Sim, aqui, aqui." Peguei minha carteira e nervosamente me atrapalhei para mostrar as fotos da minha família. Ele também tirou as fotos de seus filhos e começou a falar sobre seus planos e esperanças para eles. Meus olhos se encheram de lágrimas. Eu disse que temia que nunca veria minha família de novo, não teria a chance de vê-los crescer. Lágrimas vieram aos olhos dele também.

"De repente, sem mais uma palavra, ele destrancou a cela e, silenciosamente, levou-me para fora. Fora da prisão, em silêncio e por rotas de volta, fora da cidade. Lá, na orla da cidade, ele me soltou. E sem outra palavra, ele se virou em direção à cidade.

"Minha vida foi salva por um sorriso.
"

http://www.joyfulministry.org/thesmilet.htm

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O ponto essencial é a falta de sentido

E lembre-se destas palavras de Michel Adam:

A vida é uma dança... a dança continua conosco e sem nós. A dança é: ela sempre é... as pedras dançam tão certamente quanto as estrelas. Uma pedra é uma dança lenta; uma flor é um pouco mais rápida. A escolha é nossa: dançar com o rápido, ou juntar-nos à procissão do morto.

O estilo do morto traz segurança, conforto, fama, de forma que não pode haver uma boa razão para unir-se à dança. Atribuir um motivo para esse modo de vida, que é o modo do amor, significa depreciá-lo.

O ponto essencial é sua falta de sentido. A pessoa dança sem razão, como a rosa abre pela manhã e é vermelha sem razão alguma. Não há nenhuma virtude nisso.
 
Osho, em "A Revolução: Conversas Sobre Kabir"
Imagem por ~Brenda-Starr~

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Aceite

Buda nos fazia observar o rio.
O rio não era só a vida. O rio é cada um de nós.
Todos aqui já leram poesias e belezas sobre essa metáfora, portanto não vou procurar ser mais poético do que o poeta. Vou aos fatos.
Fato: as pessoas são o que são.
Fato: as pessoas nunca são as mesmas.
Elas (nós) estão em contínua interação com todo o Universo. Seria tolo imaginar que alguém não vai mudar. Todos mudam o tempo todo. Não há nada definitivo. Tudo muda o tempo todo e nós todos juntos. Tolo é aquele que acredita ser imutável. Nem as pedras são imutáveis.


Eu não tenho a menor idéia do que serei amanhã, hoje à noite ou em alguns minutos. Bhagavan se refere ao projeto integral do ser humano. Eu fui projetado por Deus com algumas habilidades e absento de outras. Isso está ok. Mas não impede que 1) se eu tenho uma personalidade instigante eu queira aprender truques novos; 2) se eu tenho uma personalidade acomodada, queira ficar como estou.
Aceite que está ok. Nada a fazer. Para quem está sempre buscando coisas novas, esse é o modo operantis dele. Nada pra fazer. O que se acomoda e não quer saber do novo, também está ok e não há nada a fazer.
Aceite não só o que vc tem, mas o que vc não tem.
Aceite, sabendo que o Universo conspira a seu favor.
Aho!
Namastê

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Você é responsável

A mente ordinária sempre lança a responsabilidade em outro alguém. É sempre o outro que está lhe fazendo sofrer. Sua esposa está lhe causando sofrimento, seu marido está lhe fazendo sofrer, seus pais estão lhe fazendo sofrer, seus filhos estão lhe fazendo sofrer, ou o sistema financeiro da sociedade, capitalismo, comunismo, fascismo, a ideologia política prevalecente, a estrutura social, ou o destino, carma, Deus... você nomeia!

As pessoas têm milhões de maneiras de se esquivar da responsabilidade. Mas no momento que você diz que outra pessoa – X,Y,Z – está lhe causando sofrimento, assim você não pode fazer nada para mudar isso. O que você pode fazer? Quando a sociedade muda e o comunismo chega e há um mundo sem classes, então todos serão felizes. Antes disso, não é possível. Como é que você pode ser feliz numa sociedade pobre? E como você pode ser feliz numa sociedade que é dominada pelos capitalistas? Como você pode ser feliz com uma sociedade que é burocrática? Como você pode ser feliz com uma sociedade que não lhe permite liberdade?

Desculpas e mais desculpas – desculpas apenas evitam um insight que ”Sou responsável por mim mesmo. Ninguém mais é responsável por mim; é absolutamente e totalmente minha responsabilidade. O que quer que eu seja, sou minha própria criação”. Esse é o significado deste sutra:
Conduza toda a culpa para um.
E esse um é você.

Uma vez que esse insight se estabelece: "Sou responsável por minha vida – por todo meu sofrimento, pela minha dor, por tudo que aconteceu comigo e está acontecendo a mim – Eu escolhi esse caminho; essas são as sementes que eu semeei e agora estou colhendo a safra; sou responsável" – uma vez que esse insight se torna um entendimento natural em você, então tudo mais é simples.

Assim a vida começa a dar uma nova reviravolta. Começa a se mover numa nova dimensão. Essa dimensão é conversão, revolução, mutação – porque uma vez que sei que sou responsável, também sei que posso abandonar isso a qualquer momento que decida fazê-lo. Ninguém pode me impedir de abandonar isso.

Pode alguém lhe impedir abandonar sua miséria, de transformar sua miséria em felicidade? Ninguém. Mesmo que você esteja na prisão, acorrentado, preso, ninguém pode prender você; sua alma ainda permanece livre.

É claro, você fica numa situação muito limitada, mas mesmo nessa situação limitada você pode cantar uma canção. Você pode ou derramar lágrimas de desamparo ou pode cantar uma canção. Mesmo com correntes em seus pés você pode dançar; então até mesmo o som das correntes terá uma melodia nela.

Osho, em "The Book of Wisdom"
Fonte: Osho.com
Imagem por waferboard

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Buda e Jesus

O Buda sugere três práticas que ajudam a adquirir a percepção clara da Mente Universal. Estas três práticas são: 1) Samatha que é a meditação para aquietar e acalmar a mente, que é o que cria os conceitos e as categorias de objetos e eventos; 2) Samapatti, que é a meditação para  a igualdade ou equilíbrio da mente pelo qual o sujeito e o objeto não aparece e a Mente Única verdadeira permanece continuamente afastando todas as ilusões e 3) Dhayana, que é a meditação de contemplação abstrata e o uso da mente pura bodhi "que não se apega a ilusões ou mudanças de estado ou quietude" e elimina as paixões.

Buda também menciona que devemos confiar nos mestres iluminados de visão direita e nos arrependermos dos erros do passado e fracassos, bem como a decisão de nos reformarmos através da prática de técnicas de meditação.

Encontrar um mestre iluminado é difícil, mas podemos praticar bem Samatha, Dhayana ou Samapatti. É útil para perceber e lembrar que todas as coisas podem ser os nossos professores e levar à iluminação. A árvore, a formiga, a flor, o vento, a borboleta, o lixo, nossos inimigos... todos falam da Mente Bodhi (mente desperta). Se apenas ouvimos e vemos a natureza de Buda, eles serão nossos mestres iluminados.

Este planeta tem sido honrado com a presença de muitas entidades de luz que costumamos chamar de mestres ascensionados ou professores de luz, mas talvez nenhuma tem a estatura ética do grande professor dos professores, talvez nenhum tenha nos dado tanto quanto ele e talvez também por isto é, de longe, o mais amado de todos, a sua mensagem dividiu a história da humanidade em um antes escuro e um depois esperançoso, pode ter sido o mais sublime dos seres encarnados neste planeta, e ainda assim sua humanidade era inegável, Suas palavras estão se tornando cada vez mais eficazes nestes tempos de luta e dor, suas façanhas nunca foram igualadas, e provavelmente nunca serão, sua vida é o espelho no qual muitos de nós gostaríamos de nos ver, e um farol iluminando o caminho para o porto, mesmo na mais escura das tempestades.

O mestre dos mestres, é Jesus, e se você pensar bem, se olharmos um pouco mais sobre sua vida, sobre os escritos ocultos do Mar Morto ou os escritos de Nah Hammadi, não é tão diferente do que o próprio Buda nos deixou , o quão difícil é entender Buda? Quão difícil é entender Jesus? Jesus o professor, o filho de Deus. Buda o mestre, o iluminado. Quão difícil é entender os ensinamentos de ambos, quando reconhecemos que foram duas pessoas extraordinárias. O que vemos Buda e Jesus é uma maneira diferente de amar, colocando a compreensão, compaixão e amor para os outros e a nós mesmos. Devemos aceitar que somos parte de um universo que é enorme, sendo que somos apenas uma onda em todo o oceano.

Há uma diferença entre Buda e Jesus, e na boa notícia que nos trouxe, esta é a única diferença fundamental. O budismo e o hinduísmo falam de reencarnação e karma, onde este é um desequilíbrio causado por nossas ações e o balanço energético do universo, e isso nos perseguirá ao longo de nossas vidas, para que restauremos o equilíbrio com nossas ações. Mas essas religiões afirmam que se não nesta vida será na próxima que poderemos curar nosso carma que arrastamos de vidas passadas.


Mas o mestre, Jesus trouxe uma boa notícia para este mundo, que é não esperar até a próxima vida para limparmos nosso carma, restaurando o equilíbrio da energia no universo, temos que fazê-lo agora, devemos nos arrepender agora, perdoar agora. Devemos estar em comunhão conosco agora mesmo, através da paz e do amor, esse é a boa nova, amar nossa alma, nosso espírito.


Essa boa nova que Jesus nos trouxe, perdoarmos, encontrar a paz interior e amarmos, e não um templo de pedra ou concreto, e não uma instituição, mas em nosso próprio templo, nosso corpo, onde se encontra nossa alma, nosso espírito, que devem gozar de paz e amor.


http://www.centroespiritualdeluz.cl/maestros-y-ensananzas/

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Seja espontâneo


Quando age, você sempre toma por base o passado. Você vive de acordo com as experiências que acumulou, age com base nas conclusões a que chegou no passado — como pode ser espontâneo?

O passado domina e por causa dele você nem sequer consegue ver o presente. Seus olhos estão presos ao passado, a neblina do passado é tão espessa que é impossível enxergar alguma coisa. Você não consegue ver nada! Está quase cego — cego por causa da neblina, cego por causa das conclusões que tirou no passado, cego por causa do conhecimento.

O homem instruído é a criatura mais cega deste mundo. Porque ele vive com base nos conhecimentos que tem, em vez de avaliar as circunstâncias. Ele simplesmente continua vivendo mecanicamente. Aprendeu alguma coisa; isso passa a ser um mecanismo embutido dentro dele e ele age de acordo com isso.

Há aquela história bem conhecida:
Existiam dois templos no Japão, um inimigo do outro, pois sempre existiram templos ao longo das eras. Os sacerdotes desses dois templos eram tão hostis um ao outro que nem sequer se olhavam no rosto. Se se cruzassem nas ruas, simplesmente não se olhavam. Se se cruzassem na rua, paravam de conversar; havia séculos que os sacerdotes desses dois templos não se falavam.

Mas ambos tinham um garotinho — para servi-los, levar recados. Os dois sacerdotes tinham receio de que os garotos, afinal eram só garotos, pudessem ficar amigos.

Um dos sacerdotes disse ao seu menino: — Nunca se esqueça de que o outro templo é nosso inimigo. Nunca fale com o garoto do outro templo. Eles são gente perigosa... fique longe deles. Fuja deles como o diabo da cruz!

O garoto ficou curioso... porque ele já estava cansado de ouvir longos sermões. Não conseguia entendê-los. Os sacerdotes liam escrituras estranhas, ele não compreendia aquela língua; problemas profundos, existenciais, eram discutidos. Não havia ninguém com quem brincar, ninguém com quem conversar. E quando lhe diziam para não falar com o menino do outro templo, uma grande tentação brotava dentro dele. É assim que surge a tentação. Nesse dia ele não conseguiu evitar de falar com o outro menino. Quando o viu na rua, ele perguntou: — Aonde você está indo?

O outro menino era um tanto filosófico; de ouvir grandes filosofias ele ficara filosófico. Respondeu: — Indo? Não há ninguém que venha ou que vá! Isso acontece... para onde quer que o vento me leve... — Ele tinha ouvido o mestre tantas vezes que era assim que vivia um buda, como uma folha morta, seguindo ao sabor do vento. Então o menino disse: — Eu não sou nada! Não existe ninguém que faça algo, então como posso ir a algum lugar? Que bobagem é essa que você está falando? Sou uma folha morta. Vou para onde quer que o vento me leve...

O outro menino encarava-o sem entender nada. Não conseguiu sequer articular uma resposta. Não conseguia encontrar nada para dizer. Estava de fato embaraçado, envergonhado, e pensava: "Meu mestre tinha razão ao aconselhar-me a não falar com essa gente, são gente perigosa. Que conversa é essa? Só perguntei para onde ele ia. Na verdade, eu até já sabia para onde ele estava indo, pois nós dois íamos para o mercado comprar hortaliças. Bastaria dizer isso."

O menino voltou ao templo e contou ao mestre: — Me perdoe. Você me proibiu, mas eu o desobedeci. Na verdade, sua proibição aguçou minha curiosidade. Essa é a primeira vez que converso com aquela gente perigosa. Só fiz uma pergunta: "Aonde você vai?" e ele começou a dizer umas coisas estranhas: "Não existe ir nem vir... Quem vem? Quem vai? Sou o vazio absoluto", ele disse, "sou uma folha morta. E aonde quer que o vento me leve..."

O mestre disse: — Eu disse a você! Agora, amanhã fique no mesmo lugar e, quando ele passar, pergunte a ele novamente: "Aonde está indo?" Quando ele disser essas coisas, você diz simplesmente: "É verdade. Você é uma folha morta, assim como eu. Mas, quando o vento não está soprando, para onde você vai? Aonde pode ir?" Só diga isso, e ele ficará embaraçado, tem de ficar embaraçado, tem de ficar frustrado. Estamos sempre discutindo e essa gente nunca conseguiu nos vencer em nenhum debate. Então amanhã não será diferente!

O garoto acordou cedo, decorou sua resposta, repetiu-a muitas vezes antes de sair. Então ficou esperando no local onde o outro atravessaria a rua, repetindo mentalmente a resposta, ensaiando, até avistar o garoto se aproximando. Então disse: — Agora veremos!

O menino chegou mais perto e o outro perguntou: — Aonde está indo? —, com esperança de que agora ele teria sua chance...

Mas o rapazinho disse: — Aonde quer que as pernas me levem... — Não mencionou nenhum vento, não falou do vazio, nem da questão do não-fazer... E agora, o que ele faria? A resposta que decorara não ia fazer sentido. Não podia falar sobre o vento. Desacorçoado, com vergonha por ser tão burro, ele pensou: "Esse menino de fato sabe umas coisas estranhas. Agora ele disse: 'Aonde quer que minhas pernas me levem.'"

Então ele voltou a procurar o mestre. Este respondeu: — Eu disse para não falar com essa gente! Eles são perigosos! Faz séculos que sabemos disso. Mas agora é preciso fazer alguma coisa. Amanhã, você pergunta novamente: "Aonde está indo?" e, quando ele disser: "Aonde quer que minhas pernas me levem", diga a ele: "Se você não tem pernas, então...?" É preciso fazê-lo calar a boca de um jeito ou de outro.

Então, no dia seguinte, o menino perguntou outra vez onde o outro ia e esperou a resposta.

O outro disse: — Estou indo ao mercado buscar hortaliças.
As pessoas costumam viver com base no passado — e a vida continua em constante mudança. A vida não tem obrigação nenhuma de confirmar suas conclusões. É por isso que ela é tão confusa — confusa para a pessoa instruída.

A pessoa já tem todas as respostas prontas, o Bhagavad Gita, o Alcorão, a Bíblia, os Vedas. Já se abarrotou de tudo isso, sabe todas as respostas. Mas a vida nunca levanta as mesmas questões; por isso a pessoa instruída nunca acerta o alvo.

Osho, em "Consciência: A Chave Para Viver em Equilíbrio"
Imagem por ClickFlashPhotos / Nicki Varkevisser