quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Fim de ano

(carta a um velho amigo de longa data)
Oi Sérgio

Uma das melhores coisas neste ano de 2008 foi te reencontrar ali na rua meio que "por acaso".
Foram quantos anos?
Nas minhas pobres contas algo em torno de uns 12. Boa idade para um uísque e por que não para velhos amigos?
Não por acaso, estive com o Paulo ontem e ele perguntou por vc.
Foi cheio de orgulho (sorry não sou perfeito) que falei que havíamos nos encontrado.
Tudo bem que ainda falta aquele almoço, mas seriam muitas emoções para o mesmo ano.
O que faltou? Vc sabe bem... achar o João.
Isso pode ter um jeito no ano que vai entrar e ficam as esperanças renovadas de encontrar, não só ele, mas todos os amigos (tem o Renato, o Borracha, o "Lisboa à Noite", o "Manto Amarelo", o Fernando, o Ayrton, e tantos outros).
Caríssimo, tudo de bom pra vc e pra toda a família, incluindo até seu irmão que não responde a emails (novidade seria ele responder de pronto).
Antes que comecem os fogos e antes que espoquem os "espumantes" (será que ninguém mais toma champagne, ou é um jeito de incluir aí a velha Cidra Cereser?) me despeço com um forte abraço.
Nos veremos em 2009 com toda certeza.
do sempre amigo
Alex

sábado, 20 de dezembro de 2008

O Schiavon não lembra de mim

(Dedicado aos poucos que vão entender o porque de tudo isso)

O Schiavon não lembra de mim, mas eu tb não lembro dele. Foi precisamente, mais ou menos em 1981. Ou seria 1992?. Bem, foi exatamente por aí que nós não nos encontramos. Foi bem ali, ou pelo menos quase lá. Ele estava para um lado e eu estava para o outro. Parecendo aquele caso que não tive com a Bioncê, ou o que não tive com a Gisele (qualquer uma delas). Não importa, seja como for, foi. Só não posso dizer que foi alguma coisa, pq nunca foi nada. Mas se tivesse sido, talvez fosse menos ainda. Lembro como se fosse ontem. O Zé (Rodrix) apareceu, participou e foi uma confusão danada. Talvez por isso o Corciolli fique tão quietinho. Talvez pelo mesmo motivo o Paccini nunca poste nada, o Pakito, o Fabio Ribeiro, o Labolita, o Reinaldo Theremin, o Gilberto Strapazon, o Lázaro e tantos outros mais famosos. Fama. Ah... a fama. Só isso já daria uma vida. De fato, muitas vidas se deram pela fama. Mas será que foram vividas? Sei que foi sem nunca ter sido e quando vimos, não era nada mesmo, só um carro que passou com o escapamento aberto.

sábado, 8 de novembro de 2008

Teoria x prática

"Outra dúvida: como se toca um insturmento sem teoria? Bem ou mal, eu fazia uma pentatônica no baixo ou algo que o valha, mas muito limitado.
Abs,

Pedro"

Oi Pedro
A sua pergunta é curiosa. De fato, não se toca. Por outro lado, a teoria é implícita.

A pessoa não sabe se a escala que ele faz é pentatônica, mixolídica ou propaloxitôna, mas encaixa e ele vai em frente. Uma piadinha velha:

"Em uma banda, o tecladista fala pro guitarrista:
- Toca um Fmj79.
O guitarrista vira pro baixista e diz:
- É um Fmj
O baixista olha pro baterista e fala:
- Leva um blues
O baterista fala percussionista:
- Toca qualquer coisa"

Na piada, quando o baterista fala pro percussionista "toca qualquer coisa", está implícito o preconceito na cultura ocidental à falta de formação teórica dos percussionistas. Pegue um percussionista indiano, por exemplo, e vc vai ver que o cara toca vários instrumentos e tem anos de estudo.

Quando vc escreve uma partitura só de acordes pra um guitarrista (por exemplo) é necessário que ele saiba ler isso, o que é um conhecimento implícito da teoria. Ele pode não saber o que está por trás, mas faz.

Um cara que não lê partitura (além do Paco de Lucia e outros) e não conhece os acordes do piano é o Peter Gabriel. A Rachel Z, pianista de jazz que foi tecladista dele na temporada do ano passado, contou em entrevista à Downbeat, que o PG não sabe que acorde ele fêz/faz no piano, ele apenas faz. Quando ela foi aprender as músicas dele (palavras dela) deparou-se com harmonias (acordes) complexos. O cara fez isso sem o conhecimento teórico da teoria (dá-lhe pleonasmo! - ou seria redundância?). Isso é muito comum.

O Pat Metheny falou certa vez, em entrevista à Guitar Player, que a teoria é fundamental, mas que é necessário esquecer dela na hora de tocar, senão - palavras dele - a emoção não flui.
Seria como a gramática. Pode-se conhecê-la (já viram que passei a enfeitar o pavão) mas na hora de falar, ninguém fica pensando ou analisando seu próprio discurso. Faz-se no escrito, mas não no falado. Compor seria o escrito e tocar/improvisar seria o falado.

Tem ainda um conselho do Charlie Parker, onde ele diz que se vc errar uma vez, repita outra vez e depois de novo "Assim vão pensar que era isso mesmo o que vc queria". Sábio conselho que funciona bastante. Em vários improvisos, vc pode sair entortando a idéia original até um ponto em que as coisas soam não só estranhas, mas erradas, mas a persistência naquela frase, leva o ouvinte a acreditar no que vc toca.

Levei muito anos ouvindo um solo de John Tropea na versão de Also Sprach Zarathustra do Eumir Deodato até saber que ali estava uma bela pentatônica, uma boa saída pra quando não se tem uma idéia melhor, mas que ali era colocada de forma precisa.

Até a próxima

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Aprendizado

Sempre que encontro um estudante, noto que a expectativa dele é de aprender alguma coisa comigo.Eu sou o professor, sou o cara experiente, sou o bãbãbã, pós graduado, pós mestrado, pós doutorado, etc. Legal, bacana ser reconhecido, mas esse mesmo estudante (na sua maioria jovem) não percebe que a expectativa é recíproca, o quanto eu espero aprender com ele.



Cada pergunta "idiota" dele é um descortinar de novas opções pra mim.Quando ele (tem coragem e) pergunta: "Por que?" eu me vejo tendo que buscar lá atrás, em algum lugar escondido da minha cabeça, por coisas que nem lembrava que estavam ali, mas no final, me renovo. Saio do encontro com algumas dúvidas. E nada melhor do que ter dúvidas pra evoluir, pra crescer. Não é o fato de já ter passado por tanta coisa nessa vida, que fará com que me torne insensível ao começo dos outros.


Alguém por aí falou dos que buzinam atrás de carro de auto-escola, esquecenodo que um dia passaram por isso. Os apressados, que nunca aprenderam e não aprenderão, são os que buzinam, os que se irritam. Aqueles que aprendem e aprenderam e continuarão aprendendo, são os que ao verem um carro de auto-escola, se afastam, já antecipando (por experiência própria) o que aquele motorista poderá fazer.


Quem já deu aula de qualquer coisa, sabe que existem estudantes diferentes. Tem os interessados e os não interessados. No primeiro grupo tem os sinceros e os exibidos. Tem exibido que gosta de aparecer com a ignorância e sincero que é ignorante. Vejam bem, quem ignora, não sabe pq não conhece. Portanto se alguém pede alguma coisa pra estudar, vamos negar? Se o ignorante está no esforço de captar conhecimento pra transformar sua ignorância em conhecimento vamos negar?

Nunca se pode parar de aprender.

Nunca se pode achar que se é o máximo.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Premonição

O grande problema da premonição é que Hollywood se meteu no meio. Quando se tem um sentimento estranho, quando se tem uma noção ampla do universo, alguém lembra de um filme. Os filmes são ótimos, mas existem para o entretenimento e não para instruir. Isso foi há muito tempo atrás. Instrução. Acreditava-se poder adquiri-la nos filmes. Quem dera. Os filmes existem para os incrédulos, porque os crédulos sabem que nada é como nos filmes. Se o amor - teóricamente um sentimento conhecido - não acontece como nos filmes, o que dizer das coisas que estão realmente além da nossa compreensão?

Ter o dom da premonição (acho que isso é título de filme) é mais do que uma dádiva divina. É preciso saber o que fazer com isso. E acredite, não é nem um pouco fácil. Aproxima-se da loucura. A sociedade moderna acredita ter identificado a loucura. Mas se ela mesma é tida como louca, apenas segrega aqueles que não sofrem do mesmo mal que ela. Parece confuso? Com certeza. Alguém que já teve catapora, pode achar que uma alergia seja um "princípio" da mesma. É o mesmo. Estamos sempre correndo e quando vemos alguém parado, ou pior, parando, acabamos dizendo que ele está enlouquecendo, porque não está indo no mesmo ritmo que "a vida".

Me lembro de duas coisas. A primeira é a cena do filme Expresso da Meia Noite, quando o protagonista começa a caminhar na direção contrário a de todos os outros "internos", que caminham resignadamente ao redor de alguma coisa que não recordo. Este momento é o início da reação dele à sociedade que o cerca naquele momento. A outra coisa é uma frase que diz que "a barra da vida é que ela não tem meio termo".

Assim como aquele protagonista, acabamos engolidos pela realidade do que nos cerca, como se aquilo fosse o inevitável, o que estava escrito, o maktub dos meus ancestrais. Como não há meio termo, ou aceitamos essa (muitas vezes) pretensa realidade, ou caminhamos na direção contrária. Exatamente nesse momento, nos chamam de loucos e descobrimos que temos que sê-lo, exatamente para não enlouquecer.

Em um almoço de final de semana qualquer, meu pai virou pra mim e disse que eu estava com um ritmo de vida muito "louco". Eu nem pensei duas vezes antes de dizer que "a minha sanidade residia na minha loucura". Foi exatamente quando abandonei essa locura é que me aproximei da insanidade. Sinistro, não? Confuso? Nem um pouco. Releia e entenderá.

Quem venceu nessa vida, foram os que enlouqueceram. Quem vence é quem acredita que não está louco, quando todos dizem o contrário. Ne vou citar nomes, porque todos nós conhecemos várias histórias assim, mas por favor, nada de citar filmes.

Mas vencer na vida é fácil. Cada um é um vitorioso. Difícil é lidar com o sobrenatural em uma sociedade tão pretensamente lógica, tão envolvida pela "ciência da computação" como a nossa. Pensamos em computadores e desprezamos as informações que eles guardam e geram. Eu mesmo estou escrevndo isso na mesa do Deux Maggots diretamente neste blog sem ter escrito previamente (como costumo fazer) e portanto sem backup (algo que espero fazer quando chegar em casa) mas a conversa com minha esposa e o bordeaux deram a idéia pra escrever (e só faço aproveitando que ela está conversando com uma amiga), portanto me arrisco um pouco (o que não faz mal nenhum). Vejo gente mais nova nem um pouco preocupada com informação, história, até mesmo conhecimento, cultura. Sobrenatural? Nem pensar. É loucura.

Os atuais "evangélicos" fazem tudo parecer pior. É tudo preto e branco. Está-se com eles ou contra eles. Não há espaço para premonições. Talvez até não haja espaço para sentimentos, emoções. Espero estar enganado. Espero não estar "percebendo" coisas demais.

Oops, chegou meu quichê.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Sinceramente?

Outro dia mandaram a seguinte pra mim: "Eu, pessoalmente, prefiro a sinceridade, mas ela só tem valor acompanhada de cordialidade."

Fiquei pensando nisso e me ocorreu que eu não prefiro isso. Acho que prefiro que mintam, que me elogiem, me bajulem e encham meus bolsos de dinheiro.

Sinceridade pra que? Pra ouvir besteiras sobre o que não entedem?

Pra ouvir (como já ouvi) de que meu primeiro trabalho (gravado há 16 anos atrás) devia ter mais peso, mais profundidade, mais... Porra, há 16 anos atrás era o melhor que eu conseguia fazer gravando no que viria a ser o Aquilante.

A sinceridade muitas vezes é usada como desculpa para a inveja. O cara pensa: "Po, isso tá bom demais, jamais conseguiria fazer algo assim!" Aí o cara fala: "Caro amigo, posso ser sincero? Na verdade, acredito que o guitarrista está desafinado!" E o amigo responde: "Ué, mas o guitarrista faltou!" E o cara emenda: "Pois quando ele chegar mande-o afinar a guitarra!"

Lamento, mas estou de saco cheio dessa sinceridade de porta de butequim aqui da rede. Como diria o Fernando Pessoa no Poema em Linha Reta, não conheço ninguém que tenha se ferrado. Não conheço um cara aqui que não tenha dado com os burros n'água. Todos são o máximo. Todos são perfeitos. Todos são intocáveis. Sinceramente? Tudo aqui é falso! Todos são mentirosos. Então vamos assumir que estamos mentindo e vamos em frente.

domingo, 13 de julho de 2008

Crise na música...

Caramba, só tenho falado sobre a crise na música. Mas que crise? Estava conversando com meu irmão outro dia e ele sabiamente - como sempre - me lembrou que eu não estou em crise. Muito pelo contrário, nesses últimos anos houve uma melhora incrível na demanda e estou produzindo mais do que nunca, ou melhor, nós no Aquilante estamos no auge das produções. Meu último CD saiu no mês passado, estou participando de uma incrível coletânea de música eletrônica chamada Childhood's End em homenagem ao Arthur C.Clarke e coordenada pelo excepcional Dale Kay, meu quarto CD está pronto e às vendas on-line nunca foram melhores. As trilhas para cinema estão de vento em popa, apesar de nenhum dos filmes aparecer no grande circuito (alguém já ouviu falar em "Cyric Encounters"?) e mais propostas estão chegando. Então aonde está a crise? Parece que a aquela indústria que cobra uma exorbitância por um CD de 30 anos atrás, que já se pagou inúmeras vezes, é que tem um problema. Eu não tenho. Rick Wakeman não tem. Keith Emerson não tem. Mike Oldfield não tem. Os executivos é que perderam seus passeios com prostitutas de luxo em jatinhos para as Bahamas. Perderam as regalias e os empregos. Claro que eles estão em crise.
Qual foi a estratégia que usaram quando lançaram o CD? Foi uma de longo prazo? Preocuparam-se com uma nova geração? Pensaram ao menos 15 anos à frente?
Nada disso. A estratégia deles foi pífia. Perceberam que todos compravam o que já tinham e procuravam por músicas antigas. Discos que já estavam pagos. Os lucros eram enormes, fenomenais. "Estratégia? Pra que isso? Vamos faturar!!" Deram com os burros nágua.
Não estavam preparados para o que veio a seguir.
A tecnologia os atropelou e a geração abandonada por eles buscou abrigo na internete e nos downloads, nas bandas independentes e pela primeira vez o público ouvia o que queria. Nem o fabuloso "jaba" adiantou, porque as rádios transformaram-se e música não dá mais dinheiro do jeito que dava antigamente.
Quanto um artista ganhava em cada disco? A Elis Regina teve coragem de dizer e quase apanhou (literalmente). Quanto ganha um artista hoje?
Está fácil gravar um disco e o mercado ampliou consideravelmente. Meus discos são ouvidos na Sibéria (pode acreditar) e na Nova Zelândia, lugares que eu adoraria visitar mas não estão nos meus planos. Alcanço pessoas que nunca podeiam me ouvir há 20 anos atrás, mas que hoje me escrevem, se interessam pelo próximo trabalho, elogiam e criticam, participando ativamente.
Quando imaginei gravar com Peter Gabriel? Quando pensei ter meus clips disponíveis para todo o mundo? Nem preciso dizer: nunca!
Mas isso é o que está acontecendo agora e só pra lembrar que o pseudo visionário Bill Gates, não levou em conta a internet, mas que ela é mais real e mais próxima do que meu avô imaginaria.
Estou escrevendo isso em um pequeno note sobre a mesa de um agradável barzinho em Paris e não só a cidade parece irreal. Poder escrever isso enquanto espero meu "loraine", com todo o conforto e como se estivesse em casa é o máximo.
Crise? Só há crise para os que não sonham. Sonhar é o que há de melhor. Sonhe muito. Pense grande. Planeje sua vida para os próximos 20 anos e você estará muito melhor daqui há 30.
Pensei em planejar quando tinha 16. Sonhei e desejei uma vida que parecia que não ia acontecer, mas aos poucos, as coisas foram entrando nos eixos. Pude ajustar meu planejamento para os meus objetivos. Foco. Eu estava focado e cheguei. Cheguei? Nada disso. Meus ideais transmutaram-se. Meus desejos adaptaram-se. Tornei-me mais exigente e ao mesmo tempo mais sábio, pra perceber quando é hora de mudar. Agora mesmo preciso mudar. Minha esposa olha pra mim e pro garçon à nossa frente com meu loraine. A taça de vinho está vazia e isso requer planejamento. Mais uma taça e o fim desse texto pra apreciar a vida.
Você que está lendo isso agoa pare. Levante, dê uma volta e pense na sua vida. Não posso deixar esse delicioso petisco esfriar.
T+

sábado, 10 de maio de 2008

CDs, compressão e compactação

A confusão com os MP3s e os CDs é enorme.
Recentemente, em uma discussão amigável em uma lista eu tive que parar pra perguntar:
"Vcs já pararam pra se perguntar pq um CD com 700Mb, não consegue ter mais do que 80m de música?"
Vamos ver se eu consigo explicar o complexo de uma forma simples.
O CD de áudio segue o padrão Red Book (tem lá na Wikipedia) que é o o seguinte "O Red Book especifica os parâmetros e propriedades físicas do CD, a parametrização óptica, sistema de modulação (modulação Eight-to-Fourteen), correção de erros (sistema CIRC), canais de subcódigos e gráficos. Entre as especificações, encontram-se: codificação do áudio digital: 2 canais de 16-bit PCM sampleados a 44100 Hz; a reposta de freqüência: de 20 Hz a 20 kHz; a taxa de bits: 44100 samples × 16-bit/sample × 2 canais = 1411,2 kbit/s (mais de 10 MB por minuto);
valores de sampleamento: de -32768 a +32767.

No disco, os dados são armazenados em setores de 2352 bytes cada, lidos a uma taxa de 75 setores/s. Sobre isso são adicionados dados referentes a EFM, CIRC e assim por diante, mas estes dados geralmente não são expostos pelo dispositivo responsável pela leitura do disco. Por comparação, a taxa de bits de "1x" é definida como 2048 bytes/setor × 75 setores/s = exatos 150 KiB/s = cerca de 8,8 MiB/min."
O DVD áudio, que não segue esse padrão, usa taxa de 48Kbits. Mas vejam só (continuo depois desse texto):
Red Book
White Book (a derivative of Red Book) is a constant-rate linear format. Therefore the total storage time is fixed. DVD on the other hand is a non-linear medium permitting seamless playback of jumps. It acheives this via a track buffer which maps DVD's constant 11.08 mbit/sec user rate to a variable rate stream.
Red Book frame breakdown of user bits:
Each frame of Red Book audio data consists of 588 channel bits. Only 192 bits are used to store the audio stream
Field User bytes Comments
subcode 1 8 bits of subcode channel data
audio data 24 6 samples * 2 channels * 2 bytes/sample
FEC 8 RS rate of 3/4
TOTAL 33 bytes

frame channel bits:
Convert 33 user bytes into 8/14 code:
1 symbol/byte * 33 bytes * 17 channel bits/symbol = 561 bits Add 24 bits for the sync word + 3 merge bits = 588 bits

Bit rate calculation:
98 frames/sector * 75 sectors/sec * 588 channel bits/frame = 4,321,800 bits/sec
Channel rate.............................4,321,800 bits/sec
after channel demod................1,940,400
subcode rate..............................58,800
error correction rate (FEC).....470,400
user rate after FEC removal...1,470,000

O que eu marquei em vermelho é o que vc tem dentro do CD.
Por questões de segurança, várias cópias da mesma faixa estão em diferentes pastas demtro do CD. Pra ser mais exato, 6 cópias. A música é copiada pra 6 pastas, com bitrates diferentes e ainda por cima em stereo E mono. Quando chegou o SACD, os caras modificaram isso e conseguiram colocar maiores taxas. Tais garantias só eram necessárias na pré história dos players. Eu tinha no Win98 uma dll que abria o CD do jeito que ele era, ou seja, os arquivos CDA que todo mundo enxerga, mas que são só referências e duas pastas: Stereo e Mono. Dentro de cada uma, seis pastas com as respectivas cópias de cada música em diferentes taxas de amostragem. Isso é um desperdício de espaço. No final tudo em WAV, que segue o padrão do audio CD ou vice versa.

Quanto aos padrões de compressão.
O formato ZIP (que é compactação), cria uma tabela (interna ao formato) onde ele exclui repetições. Se for um texto, ele pega o primeiro A que vc escreveu e quando aparecer outro ele simplesmente coloca uma marca de "outro". Essa marca, ou referência é menor do que o próprio caracter. Isso funciona parcialmente no áudio (dá pra ZIPar qualquer arquivo de áudio). A "revolução" do MP3 é que era um arquivo compactado que funcionava (eu tinha algo assim pro cliper e tinha o nome de Diet). Vc compacta mas consegue ouvir, o que é impossível com o ZIP ou RAR.
O MP3 faz algo semelhante ao que o ZIP faz, mas como ele tem que deixar o "A" no lugar, ele tira o que os técnicos consideram algumas "gordurinhas". Nessas "gordurinhas" estão todos os detalhes e na maioria dos casos os imperceptíveis harmônicos que fazem a grande diferente. Essa história do harmônico dá um tratado à parte. Como o MP3 é um arquivo muito menor do que o WAV, foi aceito em larga escala, mas... diferente do ZIP, quando vc transforma um MP3 em WAV, ele não recupera o que se perdeu. Pq há perda de qualidade no MP3 e aí é que entra o FLAC. Loss less não é sem perda é com MENOS perda. Um arquivo de FLAC pra WAV apresenta maior semelhança com o arquivo original do que o MP3 ou o OGG.

A maioria dos conversores diz ser o melhor mas é uma tremenda mentira, pq só há um conversor e ele é licensiando pela FraunHofer (se não me engano) os padrões semelhantes não são O padrão. Por definição, lei e contrato, MP3 segue o padrão deles. Quer melhorar? Invente um novo padrão e chame de qualquer coisa: MP4 (por exemplo).

Por falar em MP4, peguemos o próprio. O WAV do video (no mundo PC pelo menos) é o AVI. Só que em cima do AVI colocaram o DIVx que é um AVI compactado (seria o FLAC pra video). Bem, se vc pega um filme do DVD (que não passa de um arquivo MPEG2) e compacta pra outro formato na mesma resolução, o que acontece? Ficam aqueles quadradinhos (pixels) pentelhando a gente. Como é visual e todo mundo mais ou menos enxerga no mesmo padrão, é fácil notar (mas tem gente que nota e não repara) no áudio é a mesma coisa, mas muito mais gente não repara. Pergunte a quem ouve clássico se o cara gosta de ouvir MP3 no equipamento dele ou se ele ouve MP3 no equipamento HighEnd dele? Nem pensar. Seria como assistir um video 640x480 na tela do cinema. Quem está com TV de LCD ou Plasma, ou mesmo os novos monitores, já reparou que certos arquivos de filmes ficam uma "M" na tela cheia.

O que a indústria quer é que ouçamos de forma errada, porque de forma tb errada, a indústria acha que é isso que queremos ouvir. Com os novos formatos, existem novas possibilidades, mas vejam só: isso tudo era em um tempo em que tínhamos pouco espaço disponível pra armazenar qualquer coisa. Hoje, temos facilmente 1/2 Terabyte. Pra que comprimir?

Outro exemplo: todo mundo adora o formato JPG pra retrato. Pergunte a qualquer fotógrafo com um mínimo de conhecimento o que ele acha. Ele só quer saber de RAW, que seria o WAV dele. Eles conseguem provar isso com facilidade colocando uma foto JPG e um RAW da mesma foto. Todos veêm o resultado, mas ninguém OUVE, ou consegue ouvir duas músicas simultânemente.

Existe uma regra que é simples: COMPRESSÃO = ALGUMA PERDA. Seja no que for. Só há compressão sem perda quando vc usa um compactador (aí nem seria compressão e sim COMPACTAÇÃO) que "desmonta" o arquivo, como ZIP e RAR. Não sei pq isso me lembrou Joranda nas Estrelas e o teletransporte. É como se vc quisesse conversar enquanto suas moléculas estão desmontadas.

Espero que possa ser útil a alguém.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

O que será do CD (mais uma vez)

Esse assunto parece inesgotável. As vezes acho que estou andando em círculos, mas como meus antepassados usavam essa forma de raciocínio (e se deram bem), não há mal em seguir assim.
Partindo de uma entrevista do Gilberto Gil de que a "Internet é didática", tiro por mim: os artistas já aprenderam (não sei o Gil).
Todo mundo está com trabalho em sites de downloads, porque o que mudou mesmo foi a forma de distribuir, não a forma de compor.
Eu ainda lanço o CD porque é assim que eu consigo chegar nos iTunes da vida e receber minha grana mensalmente.
Pra mim é muuuuito melhor do que a venda de CDs, mas (algum)as pessoas ainda gostam de ter alguma coisa nas mãos (sem maldade, por favor).
As gravadoras é que tem um problema. O problema é realmente delas.
Se em meados dos anos 80 eu e meu grupo sonhávamos em ter um contrato com uma delas, hoje (se estivéssemos juntos) com certeza teríamos lançado o CD, do mesmo modo que eu fiz, e ainda teríamos a vantagem dos shows, coisa que faz tempo eu não corro atrás.
Eles é que tem que aprender com a obsolência deles. Não foi a música ou nenhum artista que ficou obsoleto, foram eles e a máquina que eles montaram, que de repente veio por terra.
Outro dia estava lendo em uma revista da terra do Zeca e do Lanza que os jornais se sentem ameaçados pelo rádio. Um leitor dizia que não ia comprar o jornal pq tinha as informações e notícias que ele precisava no rádio. Quem pensou que justo o rádio é que iria ameaçar os jornais?
Insisto que estamos em um período de transição e que temos que olhar para o lado pra saber o que vai acontecer.
Os jovens baixam música pra seus iPods, mas muita gente ainda compra CD.
O que vai acontecer? Eu não sei, mas sei que estamos em um período de transição onde a indústria fonográfica que conhecíamos já era. O que virá a seguir ninguém sabe ao certo, depende de muitos fatores.
Lá em 1980 havia um aparelho maravilhoso que servia pra comunicação rápida e que só alguns iniciados, com curso de especialização sabiam operar. Hoje ninguém mais sequer lembra do Telex.
Ainda nos escritórios da épocahavia um setor, responsável por tudo o que saía escrito oficialmente de um departamento. Hoje um setor de datilografia é no mínimo anacrônico. Os datilógrafos viraram digitadores e concentrados em um único setor das empresas. Cada um que digite seu próprio documento em um processador de texto e use o email pra comunicação rápida ao invéz do Telex.
Nós do pequeno Universo progressivo não sabemos como os artistas lançaram seus albuns conceituais.
Eu não imagino como as orquestras vão lançar suas versões da 5ª Sinfonia.
Portanto, como diria o mestre Alfred. "Quem viver verá!".
[]s
Alex