quarta-feira, 4 de abril de 2012

Wakia Manee

Sou xamã e quando saio do corpo visito as estrelas e caminho na lua em nome da noite que se acentua no frescor da madrugada. Viajo no tempo e, espírito que sou, nada me detém para viajar na imensidão do universo. A esperança que me aguarda no novo amanhecer. Eu sou eterno como os raios do sol que iluminam o seu espírito.

Viajo em grande velocidade, espírito solto que se confunde com a brisa, o sopro leve que desliza na noite de magia, sou parte da liberdade, chama viva do verde de seu olhar.

Durante o dia, aconselho-me com a águia que sobre voa seu ninho, guardiã das planícies, senhora da majestosa inteligência, a presença, o olhar forte e marcante que arrepia. À noite, visito a coruja, ouço seus conselhos, senhora mãe da sabedoria, a voz da mata que sussurra, o cavalo caminhante que festeja a noite e cavalga no dia.

Sou mago das estrelas, irmão da lua, um solitário guerreiro em cavalo branco e seu nome é ventania, percorrendo o céu, velocidade do irmão vento, em direção à luz, sou imortal, sou índio que atravessa a montanha dos tempos. Urso Grande é meu amigo de outras vidas, traduz o que falo para os outros irmãos animais.

Eu canto, eu invoco os meus ancestrais, espíritos que falam e mostram o caminho, a flecha veloz que corta o ar em prol da verdade, meu rumo longínquo,o nascer e o renascer que se chama vida, a minha voz é a oração, o trovão pela minha liberdade, nascer, morrer, nascer, em cada ser um novo despertar.

Vou longe, mais longe que o leopardo alcança sem limites para correr, meus olhos de lince me fazem enxergar o que se esconde atrás da sombra da árvore que guarda o rio. Sou intuitivo, ouço a voz do espírito que fala, que canta comigo, a voz da natureza, o guerreiro da luz, que me olha e eu entendo o que diz o seu olhar.
 
Sou destemido, sem medo, força, coragem de índio guerreiro, o som que vai distante, o eco do vento uivante, a curva do rio que guarda segredos, o sereno que encanta a brisa e se apaixona pelo luar.

"Existem muitas Vozes além das nossas,
Só podemos escutá-las em Silêncio"
Miguel Magalhães ("Wakia Manee" - Trovão Caminhante) do Clá do Pássaro Trovão

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