segunda-feira, 30 de abril de 2012

Amor e alquimia

No meu entender, à medida que o seu amor se aprofunda, o seu sexo desaparece. O amor é tão completo que qual é a necessidade de sexo? Ele está ultrapassado, fora de moda.

Está chegando o tempo em que as crianças não mais nascerão como fruto do sexo entre o homem e a mulher — porque temos sofrido muito: crianças cegas, crianças retardadas que têm que viver suas vidas em profunda agonia e sofrimento porque não há meios de remediar a situação.

Mas agora temos os meios. Agora o amor pode ser uma total alegria, pura diversão, uma celebração. Não há mais a responsabilidade ou o medo de tornar a mulher grávida, porque isso a mantém em escravidão; porque você é um parceiro em criar a criança, você terá de ser um parceiro em ajudá-la a crescer.

O passado na história do homem não tem sido realmente humano. Pode tornar-se humano somente se a mulher e o homem
deixarem de ser apenas parceiros sexuais. Isso arrasta ambos para espaços muito baixos.

Se eles puderem amar um ao outro com respeito,
sem se usarem como mercadorias, ambos, homem e mulher, terão um grande crescimento de consciência.

Quanto mais sua energia sexual
se transforma em amor, mais você se torna um ser espiritual.

O sexo é apenas um processo reprodutor forçado em você pela natureza. A natureza
o tem usado como uma fábrica. E você nem ao menos tem a dignidade de declarar: "Eu não sou uma fábrica!"

Isso acontecerá apenas se você estiver alerta, desperto, consciente do que está fazendo, do que está pensando, de como está se comportando; e isso
traz a você tal graça e tal beleza que a preocupação com a beleza física simplesmente desaparece.

Eu tenho visto muitas mulheres bonitas com mentes muito feias. Eu tenho visto homens bonitos, mas sua beleza não vai além da superfície. E este é o problema:
a beleza é sempre superficial, mas a feiúra é profunda. Cave profundamente e você a encontrará, ela está lá; está nos ossos, está na medula.

O amor é a
alquimia que pode transmutar essa feiúra interior. E quando ela desaparece inteiramente, mesmo um rosto ordinário, um rosto comum, começa a brilhar com a bênção e a alegria do além.
Osho, em "Após a Meia-Idade: Um Céu Sem Limites"
Imagem por Neal.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Não diga às pessoas que chorem

"Não diga às pessoas que chorem. Diga-lhes para serem felizes."

Nossos Sábios sabem sobre os dois mundos, o mundo físico e o mundo espiritual.

Muitas vezes, antes de passar para o mundo espiritual, nossos parentes, que foram para lá antes de nós, vem até nós para nos ajudar. 

O Mundo Espiritual, os mais velhos dizem, é um lugar bom, feliz e harmonioso.Quando morremos, isso significa que apenas entramos em outro mundo. Nós todos vamos vir uma outra vez.

"Grande Espírito, permitam-me a compreender tanto o mundo espiritual quanto o mundo físico. Hoje, deixe-me ser feliz."

Miguel Magalhães-"Wakia un manee" (Trovão Caminhante) do Clã Pássaro Trovão
"Existem muitas Vozes além das nossas, Só vamos escutá-las em silêncio"

segunda-feira, 16 de abril de 2012

A velhice é sua própria criação

A velhice no Oriente tem sido imensamente respeitada. No passado era tido como um ato vergonhoso — quando suas crianças já haviam se casado, quando suas crianças já estavam tendo filhos — você estar ainda totalmente apaixonado, ainda escravo da biologia.

Você deveria
elevar-se; é tempo de deixar o campo para outros tolos jogarem futebol. Quando muito, você pode ser um juiz, não um jogador...

A menos que você aceite com gratidão tudo o que a vida traz, você está
deixando escapar o sentido, não está compreendendo. A infância foi bela; a juventude teve as suas flores; a velhice tem os seus próprios picos de consciência.

Mas o problema é que a infância vem por si própria e com a velhice você deve
ser muito criativo.

A velhice é
sua própria criação.

Ela pode ser um sofrimento, ela pode ser uma celebração; ela pode ser simplesmente um desespero e pode ser também uma dança. Tudo depende
de quão profundamente preparado você está para aceitar a existência e o que quer que ela lhe traga.

Algum dia ela trará a morte também —
aceite-a com gratidão.
Osho, em "Após a Meia-Idade: Um Céu Sem Limites"
Imagem por flickrolf

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Cizânia

Nota: não me lembro em que idade foi, mas a primeira vez que ouvi essa palavra foi em uma história do Asterix, onde o personagem Detritus (esse cara sinistro aí do lado) semeava a discórdia, ou melhor, a cizânia, entre os irredutíveis gauleses em mais uma tentativa de Julio César para conquistar toda a Gália.

Os lexicógrafos definem a cizânia como sendo "rixa, desarmonia, discórdia entre pessoas de amizade".

A cizânia constitui, pela sua própria estrutura, adversário ferino da obra de edificação do bem, onde quer que se manifeste. Parte integrante da personalidade humana, o espírito da cizânia facilmente se instala onde o homem se encontra. Estimulada pelo egoísmo, distende com muitas possibilidades as suas tenazes, surpreendendo quantos incautos se permitem, por invigilância, trucidar.

Soez, persistente, contínua, a cizânia, ao manifestar-se, divide o corpo coletivo em falsos grupos de eleição, que logo se entredisputam primazia, estabelecendo o combate aguerrido e franco sob os disfarces da pusilanimidade ou da simulação.

A cizânia deve ser combatida frontalmente onde quer que o bem instaure o seu reinado.
Para tanto, faz-se mister que cada membro ativo do grupo da ação nobilitante compreenda o impositivo da humildade. Como a característica essencial da humildade é fazer-se identificar sempre carecente de aprimoramento, enquanto se luta por adquiri-la, as farpas da inveja não se cravam no seu corpo o as disputas infelizes não vicejam.

Ante o esfôrço para a fixação da humildade legítima, a cizânia não consegue proliferar, isto porque é muito mais produtivo ser taxado de ingênuo ou tolo, porém pacífico e cordato, a dúctil e lúcido, no entanto, combativo e promovedor da discórdia.

Não esqueças que mesmo no Colégio Galileu, não poucas vezes esse tóxico letal foi identificado, pernicioso, pelo Incomparável Senhor, que, não obstante o alto patrimônio da Sua elevação, teve que enfrentá-la com energia e humildade.

Vigia, espírito dedicado, nas nascentes do labor que desdobras, na tarefa empreendida, e sê daqueles cujo serviço pode prosseguir sem tua cooperação, embora não possas marchar sem ele, por indispensável à tua elevação.

Oferece a quota do teu trabalho, compreendendo que no cômputo geral a importância de cada um está na medida do esfôrço despendido, nunca em relação à função exercida.

Impossível fulgir a jóia não houvesse sido esse brilho precedido pelo esfôrço do garimpeiro ignorado, que se adentrou pela mina perigosa a buscá-la.

A pérola pálida a refulgir ostenta sua beleza graças ao estoicismo do mergulhador que desceu às águas abissais para arrancá-la da ostra ergastulada nas rochas submarinas -
No trabalho renovador ao qual te afervoras, não te olvides dos que atuam nas funções modestas, todavia indispensáveis ao serviço que desdobras. O rei não poderia rodear-se de conforto e grandeza sem o concurso do operário humilde que lhe ergueu o trono ou a cozinheira que lhe sustenta a manutenção do equilíbrio orgânico.

E a estabilidade do seu império estaria sempre ameaçada não fosse a fidelidade dos que o mantêm, vigilantes, e muitas vezes ignorados. A cizânia nasce sempre no seio da vaidade que se faz nutrir pela presunção.

Esquece, portanto, os títulos e valores a que te apegas, pois que eles nada valem diante dAquele a quem serves ou a quem procuras servir.

A obra do bem tem passado sem ti e depois que passes ela prosseguirá passando.
Reage à cizânia, impedindo que ela te domine no pensar, no falar, a fim de que não se desdobre através do agir.

Examina o íntimo do espírito para que as mentes geratrizes da cizânia, vitalizadas pelo pretérito infeliz e corporificadas em grupos de perturbadores do Mundo Espiritual, não encontrem na tua mente açulada o campo para as cogitações da censura injustificada aos que não podem ser iguais a ti, quer estejam abaixo ou acima do teu nível de produtividade. Não olvides que ao mais esclarecido é exigida maior dose de tolerância, de compreensão e de misericórdia.
Quantas vezes o amigo, habitualmente fiel, em se voltando para agredir não se encontra enfermo? Neste momento, não há outras alternativas senão piedade e socorro para êle.
Se desejas realmente, como apregoas, que cresça o trabalho do Cristo, não faças perniciosa distinção entre os servidores, não sugiras separativismos, não confrontes mediante opiniões que criam ciumes ou açulam vaidades vãs pelo elogio gratuito, indiscriminado e improcedente, porque todo coração é maleável à palavra da bajulação dourada como todo espírito é acessível à referência azeda da impiedade, ao licor embriagante da perversão.
Mantém, por tua vez, o compromisso da doação da palavra amiga e estimulante, quanto da advertência gentil, a fim de que possas prosseguir, seguro, na diretriz do equilíbrio.
Recorda que foi a cizânia dos homens que levou Jesus à cruz, através da invigilância de um companheiro enganado.

"Eu, porém, vos digo que quem quer que se puser em cólera contra seu irmão merecerá ser condenado no juízo". Mateus: capítulo 5º, versículo 22.

"A benevolência para com os seus semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura que lhe são as formas de manifestar-se".

Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 9º - Item 6.3
FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 35.
Publicado originalmente em Reflexões Espíritas

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Os Dois Lobos

"Dentro de mim há dois lobos;
Um deles é cruel e mau.
O outro é muito bom.
Os dois estão sempre em guerra,
O que ganha a briga é aquele que eu alimento mais vezes"
 
(provérbio dos índios norte americanos)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Lembre-se de sua respiração

Se você puder se tornar um mestre da sua respiração você se torna mestre de suas emoções... O inconsciente prossegue mudando seu ritmo de respirar, portanto, se você se torna cônscio desse ritmo e suas constantes mudanças, você pode ficar cônscio das suas raízes inconscientes, do que o inconsciente está fazendo.

a) Respire profundamente o dia todo, não forçado, mas devagar e bem fundo, toda vez que você lembrar e sinta-se relaxado, não tenso.

b) Vigie sua respiração,
observe-a. Quando a respiração sai, vá com ela, quando ela entrar, mova-se com ela. Se você puder observar sua respiração, ela se tornará profunda, silenciosa, rítmica. Seguindo a respiração você se torna muito diferente, porque essa conscientização constante da respiração irá lhe desprender de sua mente. A energia que normalmente se move para o pensar, se moverá para a observação. Essa é a alquimia da meditação — mudar a energia que se move do pensar para a observação... Como não ser um pensador mas uma testemunha. Mas seja brincalhão ao observar sua respiração, não faça disso um trabalho.

c) Use sua respiração como uma
conscientização da vida e da morte simultaneamente. Quando a respiração sai ela está associada com a morte; quando ela entra, com a vida. Com cada expiração você morre; com cada inspiração você renasce. Vida e morte não são duas coisas, separadas, divididas: elas são uma. E a cada momento, ambas estão presentes. Portanto lembre-se disso: quando sua respiração está saindo, sinta como se você estivesse morrendo. Não se assuste. Se você se assustar, a respiração será perturbada. Aceite isso: a expiração é morte. E a morte é bela, é relaxante.

Osho, em "The New Alchemy"
Imagem por ser...

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Wakia Manee

Sou xamã e quando saio do corpo visito as estrelas e caminho na lua em nome da noite que se acentua no frescor da madrugada. Viajo no tempo e, espírito que sou, nada me detém para viajar na imensidão do universo. A esperança que me aguarda no novo amanhecer. Eu sou eterno como os raios do sol que iluminam o seu espírito.

Viajo em grande velocidade, espírito solto que se confunde com a brisa, o sopro leve que desliza na noite de magia, sou parte da liberdade, chama viva do verde de seu olhar.

Durante o dia, aconselho-me com a águia que sobre voa seu ninho, guardiã das planícies, senhora da majestosa inteligência, a presença, o olhar forte e marcante que arrepia. À noite, visito a coruja, ouço seus conselhos, senhora mãe da sabedoria, a voz da mata que sussurra, o cavalo caminhante que festeja a noite e cavalga no dia.

Sou mago das estrelas, irmão da lua, um solitário guerreiro em cavalo branco e seu nome é ventania, percorrendo o céu, velocidade do irmão vento, em direção à luz, sou imortal, sou índio que atravessa a montanha dos tempos. Urso Grande é meu amigo de outras vidas, traduz o que falo para os outros irmãos animais.

Eu canto, eu invoco os meus ancestrais, espíritos que falam e mostram o caminho, a flecha veloz que corta o ar em prol da verdade, meu rumo longínquo,o nascer e o renascer que se chama vida, a minha voz é a oração, o trovão pela minha liberdade, nascer, morrer, nascer, em cada ser um novo despertar.

Vou longe, mais longe que o leopardo alcança sem limites para correr, meus olhos de lince me fazem enxergar o que se esconde atrás da sombra da árvore que guarda o rio. Sou intuitivo, ouço a voz do espírito que fala, que canta comigo, a voz da natureza, o guerreiro da luz, que me olha e eu entendo o que diz o seu olhar.
 
Sou destemido, sem medo, força, coragem de índio guerreiro, o som que vai distante, o eco do vento uivante, a curva do rio que guarda segredos, o sereno que encanta a brisa e se apaixona pelo luar.

"Existem muitas Vozes além das nossas,
Só podemos escutá-las em Silêncio"
Miguel Magalhães ("Wakia Manee" - Trovão Caminhante) do Clá do Pássaro Trovão

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Fazendo amor

O amor precisa ser acalentado e saboreado muito lentamente, para que ele banhe o seu ser e se torne uma tal experiência de gozo que você deixe de existir como ego. Não é que você esteja fazendo amor - você é amor.

O amor pode se tornar uma energia maior à sua volta. Ele pode transcendê-lo e a seu amado de forma que
ambos se percam nele. Mas, para isso, você precisará esperar. Espere um momento e logo terá o jeito para isso.

Deixe que a energia se acumule e
deixe que aconteça espontaneamente. Aos poucos você perceberá quando o momento surge. Você começará a perceber os sintomas, os pré-sintomas e não haverá dificuldade.

Se não surgir o momento em que você naturalmente entra no ato do amor, espere;
não há pressa.
A mente ocidental tem muita pressa - mesmo ao fazer amor, isso é algo a ser feito às pressas e pronto. Essa atitude está completamente errada.

Não se pode manipular o amor.
Ele acontece quando acontece. Se ele não estiver acontecendo, não há com o que se preocupar. Não o torne uma viagem do ego em que de qualquer modo você precisa fazer amor.

Isto também está presente na mente ocidental: o homem acha que necessariamente precisa atuar. Se ele não estiver conseguindo, ele acha que não é suficientemente macho. Isso é
tolice, é estupidez.

O amor é
algo transcendental, não se pode manipulá-lo. Aqueles que tentaram perderam toda a sua beleza. Então, no máximo, ele se torna um alívio sexual, mas todos os reinos sutis e mais profundos do amor permaneceram intocados.
Osho, em "Osho Todos os Dias"
Imagem por Julien Haler