quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Deixe a seriedade para a cova

O homem sério está morto antes de sua morte. Muito antes de sua morte, ele se mantém quase como um cadáver.

A vida é uma oportunidade tão valiosa, não deveria ser perdida na seriedade. Deixe a seriedade para a cova. Deixe a seriedade cair na cova; ao entrar pelo dia do julgamento final, seja sério. Mas não se transforme em um cadáver antes da cova.

Isso me faz lembrar de Confúcio. Um de seus discípulos fez a ele uma pergunta muito comum, uma que era feita por milhares de pessoas. "Você pode me dizer um pouco sobre o que acontece depois da morte?"

Confúcio disse: "Todos esses pensamentos que você tem sobre a morte podem ser analisados em sua cova, depois de sua morte. Agora, viva!"


Osho, em "Viva ao Máximo!"
Imagem por raysto

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Não se preocupe com nada em relação aos outros


Não se preocupe com coisa alguma com relação aos outros. Mas isso é o que você continua fazendo. Noventa e nove por cento das coisas que você pensa estão relacionadas com os outros.

Abandone-as, e faça isso imediatamente! Sua vida é curta e sua vida está escapulindo pelas suas mãos. A cada momento você é menos, a cada dia você é menos, e a cada dia você está menos vivo e mais morto! Cada aniversário do nascimento é um dia morto, mais um ano se passou pelas suas mãos.

Seja um pouco mais inteligente. Não se preocupe com nada em relação aos outros. Dê prioridade para lidar com o problema que for maior. Gurdjieff costumava dizer para seus discípulos – a primeira coisa, a primeira coisa mesmo, “Descubra qual é a sua principal característica, seu maior problema, sua característica central da inconsciência”.

Em cada um é diferente. Alguém é sexualmente obcecado. Num pais como a Índia, onde por séculos o sexo tem sido reprimido, isso se tornou quase que uma característica universal; todos são obcecados pelo sexo. Alguém é obcecado pela raiva e outro é obcecado pela ambição.

Você precisa observar qual é a sua obsessão básica. Primeiro encontre a principal característica sobre a qual repousa todo o edifício de seu ego. E depois permaneça constantemente cônscio disso porque isso só pode existir se você estiver desatento. Isso é automaticamente dissolvido no fogo da consciência.

E lembre-se, lembre-se sempre, que não é para você cultivar o oposto disso. Senão, o que acontece é que a pessoa se torna consciente de que, ‘Minha obsessão é a raiva, que devo fazer então? Devo cultivar a compaixão’. ‘Minha obsessão é sexo, que devo fazer então? Devo praticar brahmacharya, o celibato.

As pessoas se movem de uma coisa para o seu oposto. Esse não é o caminho da transformação. É o mesmo pêndulo, movendo-se da esquerda para a direita, da direita para a esquerda. E é assim que sua vida tem estado se movendo por séculos; é o mesmo pêndulo.

O pêndulo precisa parar no meio. E esse é o milagre da conscientização. Apenas fique cônscio de que, ‘Essa é a principal armadilha, esse é o lugar onde sempre tropeço, essa é a raiz da minha inconsciência’. Não tente cultivar o oposto disso, mas derrame toda sua consciência nisso.

Crie uma grande fogueira de consciência e isso será queimado. E assim o pêndulo para no meio. E com a parada do pêndulo, o tempo cessa. Você subitamente penetra no mundo da intemporalidade, imortalidade, eternidade.

Osho, em "The Book of Wisdom"
 Imagem por Meredith_Farmer

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Pão com Manteiga

Curta história pra pensar:

Um casal tomava café da manhã no dia de suas bodas de prata. A mulher passou a manteiga na casca do pão e o entregou para o marido, ficando com o miolo.

Ela pensou: "Sempre quis comer a melhor parte do pão, mas amo demais o meu marido e, por 25 anos, sempre lhe dei o miolo. Mas hoje quis satisfazer meu desejo. Acho justo que eu coma o miolo pelo menos uma vez na... vida".

Para sua surpresa, o rosto do marido abriu-se num sorriso sem fim e ele lhe disse: "Muito obrigado por este presente, meu amor... Durante 25 anos, sempre desejei comer a casca do pão, mas como você sempre gostou tanto dela, jamais ousei pedir!"

Não espere 25 anos.

Diga hoje, claramente o que deseja, não espere que o outro adivinhe. Você pode pensar que está fazendo o melhor para o outro, mas o outro pode estar esperando outra coisa de você...

Deixe que o outro fale. Peça-o para falar e quando não entender, não traduza sozinho. Peça que ele se explique melhor.

Haja assim com todo mundo. Seja claro com sua esposa, seu esposo, seus filhos, seus pais, seus amigos e qualquer um que passe pelo seu caminho.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Zen, Tantra, sexo e saúde

O Zen não possui nenhum sistema de crenças sobre coisa alguma, e isso também inclui o sexo – Zen não diz nada sobre isso. E isso deve ser definitivo. O Tantra tem uma atitude sobre o sexo. A razão? – o Tantra tenta reparar o que a sociedade fez.

Tantra é medicinal. A sociedade reprimiu o sexo, Tantra chega como um remédio para ajudá-lo a recuperar o equilíbrio. Vocês se inclinaram demasiadamente para a esquerda; Tantra vem e os auxilia a inclinar para a direita. E para recuperar o equilíbrio, às vezes vocês têm que tender demais para a direita, só assim o equilíbrio é restaurado.

Vocês nunca viram um equilibrista na corda? Aquele que anda sobre a corda esticada? Ele carrega uma vara nas mãos para manter o equilíbrio. Se ele sente que está inclinando demais para a esquerda, ele imediatamente começa a se inclinar para a direita. Então novamente ele sente que agora inclinou-se demais para a direita, ele começa a se inclinar para a esquerda. É assim que ele se mantém no meio.

Tantra é um remédio.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

10 Estratégias de Manipulação

O lingüista Noam Chomsky elaborou a lista das “10 Estratégias de Manipulação”através da mídia.

1. A estratégia da distração. O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir que o público se interesse pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado; sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja com outros animais (citação do texto “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”).

2. Criar problemas e depois oferecer soluções. Esse método também é denominado “problema-ração-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista a causar certa reação no público a fim de que este seja o mandante das medidas que desejam sejam aceitas. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o demandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para forçar a aceitação, como um mal menor, do retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços púbicos.

3. A estratégia da gradualidade. Para fazer com que uma medida inaceitável passe a ser aceita basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. Dessa maneira, condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990. Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4. A estratégia de diferir. Outra maneira de forçar a aceitação de uma decisão impopular é a de apresentá-la como “dolorosa e desnecessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Logo, porque o público, a massa tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isso dá mais tempo ao público para acostumar-se à idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5. Dirigir-se ao público como se fossem menores de idade. A maior parte da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade mental, como se o espectador fosse uma pessoa menor de idade ou portador de distúrbios mentais. Quanto mais tentem enganar o espectador, mais tendem a adotar um tom infantil. Por quê? “Alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, em razão da sugestionabilidade, então, provavelmente, ela terá uma resposta ou ação também desprovida de um sentido crítico (ver “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”)”.
6. Utilizar o aspecto emocional mais do que a reflexão. Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional e, finalmente, ao sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões ou induzir comportamentos…
7. Manter o público na ignorância e na mediocridade. Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais menos favorecidas deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que planeja entre as classes menos favorecidas e as classes mais favorecidas seja e permaneça impossível de alcançar (ver “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”).

8. Estimular o público a ser complacente com a mediocridade. Levar o público a crer que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto.

9. Reforçar a auto-culpabilidade. Fazer as pessoas acreditarem que são culpadas por sua própria desgraça, devido à pouca inteligência, por falta de capacidade ou de esforços. Assim, em vez de rebelar-se contra o sistema econômico, o indivíduo se auto desvalida e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo um dos efeitos é a inibição de sua ação. E sem ação, não há revolução!

10. Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem. No transcurso dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência gerou uma brecha crescente entre os conhecimentos do público e os possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento e avançado do ser humano, tanto no aspecto físico quanto no psicológico. O sistema conseguiu conhecer melhor o indivíduo comum do que ele a si mesmo. Isso significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior do que o dos indivíduos sobre si mesmos.

* Linguista, filósofo e ativista político estadunidense. Professor de Lingüística no Instituto de Tecnologia de Massachusetts

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Não chame de insegurança, chame de liberdade

Não estou aqui para dar a vocês um dogma — o dogma faz com que se tenha certeza. Não estou aqui para dar a você nenhuma promessa para o futuro — nenhuma promessa para o futuro transmite segurança.

Estou aqui simplesmente para deixá-lo alerta e consciente — isto é, para ficar aqui agora, com toda a insegurança que existe na vida, com toda a incerteza que existe na vida, com todo o perigo que existe na vida.

Sei que você veio em busca de uma certeza, de alguma doutrina, algum "ismo", algum lugar ao qual pertencer, alguém em quem confiar. Você está aqui por causa do medo que sente. Está procurando uma espécie de prisão bonita — de forma que possa viver sem nenhuma consciência.

Eu gostaria de fazer com que você se sentisse ainda mais inseguro, mais incerto — porque é assim que a vida é, é assim que Deus é. Quando há mais segurança e mais perigo, o único jeito de reagir a isso é apelar para a consciência.

São duas as possibilidades. Ou você fecha os olhos e passa a ser dogmático, vira cristão, hindu ou muçulmano... e aí fica como se fosse um avestruz. Isso não muda a vida; é simplesmente fechar os olhos. Simplesmente faz de você um estúpido, alguém sem inteligência.

E nessa falta de inteligência, você se sente seguro — todo idiota se sente seguro. Na verdade, só os idiotas se sentem seguros. O homem que está verdadeiramente vivo sempre se sentirá inseguro. Que segurança pode existir?


Osho, em "Coragem: O Prazer de Viver Perigosamente"
Imagem por andjohan

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Fernando Pessoa

Fernando Pessoa é um daqueles que são muito citados e pouco lidos. No meio do século passado, entre um grupo de amigos meus, era comum falarem sobre a poesia dele e de como era bela sem ser piegas, de como ele era amargo e profundo. Falavam muito e conheciam pouco.

Esse fenômeno alastrou-se neste século com citações atribuídas a vários autores, de Jabour a Veríssimo, de Pablo Neruda a Dalai Lama apenas se obter alguma atenção. Mas este fenômeno não é fruto da tecnologia como muitos imaginam. Muitos séculos atrás, a prática de atribuir a autoria a uma pessoa importante, visava dar credibilidade a textos escritos pelos discípulos de um ou outro mestre. Hoje em dia eu não entendo. Alguns textos que recebo são ótimos, mas ao assinar como alguém famoso, destrói a verdade contida nele com a falsa assinatura. Pena que quem pensa não queira assumir seus pensamentos.

Aqui assumo. Os textos na marca (ou tag) Meu Pensar são exatamente isso, enquanto Outros é o que aparenta: o pensar de outros. Essa introdução me ocorreu quando lembrei da ainda menos lida prosa de Fernando Pessoa. Quando acompanhei parte de uma turnê de Egberto Gismonti aqui no Brasil, ao apresentar a música Fado, ele citava parte do seguinte texto extraído de uma crítica teatral de Pessoa à peça Orpheu:

"O sentimento abre as portas da prisão com que o pensamento fecha a alma. A lucidez só deve chegar ao limiar da alma. nas próprias antecâmaras é proibido ser explícito.
Sentir é compreender. Pensar é errar.
Compreender o que outra pessoa pensa é discordar dela. Compreender o que outra pessoa sente é ser ela. Ser outra pessoa é de grande utilidade metafísica. Deus é toda gente.
Ver, ouvir, cheirar, gostar, palpar são os únicos mandamentos da lei de Deus. Os sentidos são divinos porque são nossa relação com o Universo, e a nossa relação com o Universo Deus."

Volte e leia novamente o texto. Há tanta verdade nessas palavras que apenas uma leitura não é suficiente para o absorvermos. Pensando bem, não leia com os olhos. Leia com o coração. Sinta o texto.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O Tao da coragem

A vida não dá ouvidos à nossa lógica; ela segue à sua própria moda, imperturbável. Você tem de ouvir a vida; a vida não ouvirá a sua lógica, ela não se incomoda com ela.

Enquanto segue pela vida, o que você vê? Cai uma grande tempestade e árvores frondosas vêm abaixo. De acordo com Charles Darwin, elas deveriam sobreviver, pois são as mais qualificadas, as mais fortes, as mais poderosas.

Olhem para uma árvore antiga, 90 metros de altura, 300 anos de idade. Só a presença da árvore já transmite força, um sentimento de força e poder. Milhões de raízes espalhadas dentro da terra, nas profundezas, e a árvore mantém-se firme em seu poder.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Esteja pronto


Aproveite esse momento. Aqui e agora.
Diga "Eu te amo" pra aqueles que você ama.
Não deixem de dar um beijo, um abraço, um aperto de mão ou dizer simplesmente "Obrigado!". Viva como se fosse o último dia de suas vidas, porque talvez seja.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Religião não é ritual

Religião não é ritual, não é algo que você faz. Ela é algo em que você se transforma. Por isso há sempre a possibilidade de existir uma falsa religião em algum lugar na sociedade.

Uma religião falsa é quando a transformação interior foi substituída pelo ritual externo. Então você continua fazendo coisas e elas se tornam um hábito enraizado em você, mas nada é alcançado.

As pessoas vão à igreja ou ao templo, repetem as mesmas orações outra e outra vez, e nada lhes acontece. Em algum lugar do caminho elas perderam a verdadeira moeda — e substituíram-na por uma falsa.

Lembre-se disto: a religião real e autêntica se refere ao ser, não ao fazer. Ela nada tem a ver com sua vida exterior, mas com o seu centro.

Naturalmente, quando o centro muda, a periferia o acompanha, sua vida externa também muda. Mas o inverso não é verdadeiro: você pode mudar a periferia, e o centro não mudará. E você viverá uma vida de hipócrita, de hipocrisia.

Você terá uma periferia diferente do centro, não só diferente mas também exatamente oposta, contrária. E você será dividido em dois.


Osho, em "Antes Que Você Morra"
Imagem por vic_206