Algo que aprendi a duras penas no Colégio Santo Agostinho nos idos dos anos 60, até 75 quando concluí o então Segundo Grau e ingressei na faculdade: não adianta querer inventar uma linguagem se não conhece outra. É preciso conhecimento para conscientemente subverter a linguagem, o significado das palavras e a grafia.
Chama-se ignorância - do sentido tão esquecido ignorar - o oposto: criar palavras inexistentes ou atribuir novos significados as existentes. O imigrante, que não conhece a língua, o faz por ignorância (não confundir com burrice) e muitas vezes por encontrar dificuldade na pronúncia por conta de sua lingua natal. Os que não tem/tiveram acesso às normas da linguagem também o fazem e criam regionalismos que transcendem sotaques. Da mesma forma, as gírias que compõe o dialeto de tribos diversas, não podem ser estendidas além do seu escopo original, salvo quando por questão de uso, adesão e transcendência temporal
O que não é admissível é que confunda-se tudo isso nas salas de aula. Na sala de aula deve-se apresentar, exemplos da literatura onde o autor consegue reproduzir o linguajar de uma região ou época. Mergulhar em "Juca Mulato" nunca foi das tarefas mais fáceis e não é essencial, já que existem vários outros exemplos mais fáceis de serem digeridos. O problema é que por muitos e diferentes motivos já conhecidos de todos e até outros, os "fessores" muitas vezes são apenas recém formados no ensino fundamental. Na época da ditadura, o Mobral propunha-se a erradicar o analfabetismo. Ensinou milhares de pessoas a escrever o próprio nome e o "pobrema foi risulvidu".
Conversando outro dia durante o jantar, eu comentava que não há motivo pra reclamar. As coisas são como são porque infelizmente, nada mudou. JK transportou tijolo de avião pra construir Brasília. Um "sonho" sem sentido que atende muito bem aos interesses dos próprios políticos. Mais do que nunca, nesses 46 anos eles podem manter-se em suas torres de marfim, longe da realidade. São uma classe diferente da população. Nem por isso são uma elite. A elite brasileira, concentra-se cada vez mais na classe média. Profissionais liberais com estudo e salário. Acima e abaixo são conceitos relativos. Existem os que estão acima e abaixo quando tratamos de dinheiro, mas não é o mesmo quando falamos de conhecimento, cultura e consciência.
A classe média continua a sofrer, pois carrega em seus ombros o peso dos que não fazem nada e ganham muito e a responsabilidade de não deixar que lhe tirem a cultura, o conhecimento e a consciência.
Vai mudar quando ela quiser.
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