domingo, 29 de novembro de 2009

A Carta do Luciano Pires (2)

SEQUÊNCIA E CONSEQUÊNCIA (por Luciano Pires)

Numa de minhas leituras topei com um conceito muito interessante, que resume em poucas palavras o que deveria ser a técnica de administração de nossos negócios e vidas. O texto dizia que "deixamos de viver a era em que gerenciamos sequências, para viver a era de gerenciar
consequências."

Gerenciar consequências, não apenas sequências! Brilhante!
Desde o começo dos anos noventa, na esteira dos programas de qualidade originários dos EUA, mas que ganharam notoriedade no Japão, a maior parte do que foi produzido pelos teóricos da administração focou nas técnicas e habilidades para se conduzir com eficiência uma fábrica. Mas
não apenas uma fábrica como aquela do estereótipo: um forno e um torno transformando matéria-prima em produtos. A tal "fábrica" a que me refiro é aquela que define um processo: uma organização que produz um produto ou serviço, com resultados mensuráveis e foco na redução de custos. É possível conduzir um escritório de advocacia como se fosse uma fábrica. É possível dirigir uma farmácia como uma fábrica. Uma academia de ginástica. Uma escola. Um clube. Uma igreja. Qualquer empreendimento.

E o que se viu nos últimos dez ou quinze anos foi exatamente isso: a lenta transformação dos empreendimentos em fábricas. E os profissionais não passaram por essa incólumes: foram aos poucos tornando-se "gerenciadores de sequências". Como fazer aquilo que sempre fizemos de forma cada vez mais rápida, barata e eficiente?

Existem empreendimentos em que a "gerência das sequências" é fundamental. Uma fábrica de remédios, por exemplo. Mas mesmo essas empresas têm determinadas áreas onde o conceito de "fábrica" definido acima não se aplica. Normalmente aquelas áreas "humanas", baseadas em relacionamentos, em atividades criativas ou que exigem reação imediata e flexibilidade.

O problema é que a "flexibilidade" é inimiga da "sequência". Flexibilidade abre espaço para riscos, para novidades, para imprevistos, tudo aquilo que um gerente de sequências não quer.

Esse foi o mundo que construímos de 1990 para cá: o mundo das sequências.

Mas repentinamente a coisa começou a mudar. De saco cheio com as sequências, queremos o que ninguém fez, o inusitado. É quando surge um conflito gigantesco, olha só: eu contrato aquela menina de 20 anos para trabalhar na empresa. Mostro-lhe seu local de trabalho, passo as rotinas e digo:

- Olha aqui: esta é sua rotina. Siga exatamente cada passo do processo conforme escrito neste manual. Não saia do processo, entendeu? Se você sair o auditor da ISO te pega!
- S-s-sim s-senhor!
- Ah! E vê se aproveita pra inovar!

Não tem algo errado aí? Gerenciadores de sequências são escravos dos processos. Não estão ali para criar soluções, mas para garantir que as coisas aconteçam em conformidade com o processo que alguém desenhou. Como é que um gerenciador de sequências pode contribuir para além da rotina? Só quando começar a gerenciar consequências.

Mas ai é tema pra outro artigo.

Luciano Pires
http://www.lucianopires.com.br

domingo, 15 de novembro de 2009

A moça da UNIBAN

O que primeiro me chama a atenção é o título (do perfil dela no orkut): "Deus deu a vida para cada um cuida da sua" ou falta uma letra, uma vírgula ou eu não entendi a reforma ortográfica. O link (lá do orkut) é: http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=17084925465572698740

Isso mesmo, essa é a moça de vestido vermelho do "escândalo" da UNIBAN. O perfil, que o blog: http://controleremoto.tv/blog/2009/11/a-profecia-de-geisy-esta-se-realizando/#more-2372 cita, enfatiza e diz pra não visitarmos, é igual a todos os outros milhares, centenas de milhares que existem na internet e no Orkut. Uma moça reconchuda que tem a alta estima elevada e que coloca no Orkut fotos de biquini. Alguma novidade nisso?

Nenhuma. A novidade está no estardalhaço que os colegas dela fizeram. Nos comentários que ouço no meu clube de que "Ah, ela tem cara de garota de programa!" (de uma senhora reconchuda atrás de mim conversando com outras senhoras igualmente reconchudas e em biquinis menores do que o necessário) "Claro que ela estava procurando aumentar o michê!!!" (de uma senhora bastante maquiada para uma tarde na piscina e que parece entender bastante do assunto) e outra coisas similares, até um "Sei não, não vi, mas ela deve ser gostosona pra tarem falando tanto!" dito por um coroa pansudo no bar do mesmo tradicional clube.

O texto em "QUEM SOU EU" no perfil da jovem estudante, chega a assustar. Mas assusta mais ver que as "comunidades" orkutianas das quais participa são de lésbicas e as "amigas" ou professam o mesmo credo ou são em maior número que os admiradores. Parece que no tradicional clube ninguém acertou nada... nem perto. Quem realmente será essa móça? Ela estava em idade de descobrir, mas depois de tudo o que aconteceu, duvido que ela mesma venha a descobrir. Pelo menos nos próximos anos.

Mas o que mais me impressiona nessa história toda é a nossa capacidade de criarmos celebridades descartáveis.

Quando Andy Warhol falou que no futuro teríamos todos 15m de fama, eu entendi aquilo pelo lado errado. Deveria ter entendido que não seria EU famoso por 15m, mas que NÓS, como SOCIEDADE, estaríamos criando famosos, celebridades, a cada 15m... 10m... 9... 8... 7 ... 6... 5... 4... 3... 2... 1...
ps: pra quem quer ver as fotos, apagadas do perfil do Orkut por recomendação dos advogados, há a opção do Youtuve: http://www.youtube.com/watch?v=LJnL3C_6C_Q&feature=related