quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Resposta ao Luciano (2)

Em todos esses anos, muitas empresas fizeram únicamente isso. Trabalharam como se fossem fábricas.
Acredito que a mediocridade dos que estavam nos cargos de gerencia, fazia com que eles se sentissem seguros.Claro que seguros. Eles não tinham condições de inovar e ao contrário do exemplo do Luciano (veja post anterior), a maioria não queria inovação nenhuma.
Inovação passa por questionamento. Significa repensar ou pensar de maneira diferente. Significa discordar.
Nada pior do que um subalterno que discorde do chefe. Nada pior do que um subalterno que encontra uma maneira mais fácil ou diferente de fazer aquela tarefa. Ele está indo contra a autoridade do chefe, do gerente. A conclusão é que a maioria dos gerentes não gerencia. A maioria dos que estão nesse tipo de cargo, chegaram a ele mostrando resultados pre-fabricados.
Sempre conto a história do Presidente do Laboratório Luncent, quando perguntaram a ele como era ser chefe de tantos ganhadores do Nobel. Ele respondeu que bastava saber se eles tinham tudo o que precisavam e se estavam satisfeitos.
Muitos anos atrás, meu chefe no BNH avisou que precisaríamos virar a noite executando um trabalho de emergência para o dia seguinte. Lá pelas 23hs, ele apareceu com uma bandeja enorme com um bule de café e um pote de biscoitos. Todos estranhamos aquele comportamento dele, mas o que ele estava fazendo era cuidando da sua equipe. Doutor Vital estava fazendo o mesmo que seu colega do Luncent, guardadas as devidas proporções.
Ainda hoje os chefes e gerentes se sentem mais como feitores de escravos dos séculos passados do que como incentivadores da equipe. Se tudo der errado a culpa é da equipe. Se der certo, o mérito é dele que "soube conduzir a equipe da maneira certa". Isso não parece errado?
Não vejo muita chance disso mudar enquanto os resultados não forem avaliados de maneira subjetiva.
Uma discussão antiga em um grupo de arquitetos era de que as soluções muitas vezes surgiam quando colocávamos o pé no onibus, estávamos no banho em casa e nos lugares mais inusitados. Mas aí vinha o chefe e dizia que tínhamos que cumprir horário e que nós ganhávamos para resolver os problemas ali e projetar ali.
Ora, como vc vai comandar o cérebro? Nós treinamos nosso cérebro, mas ainda mais hoje, em tempos de tantas formas possíveis de conexão, ainda querem que o funcionário/empregado, esteja sentado na cadeira "trabalhando". Isso é oriundo da Rebolução Industrial. Em uma fábrica o infeliz precisa ficar ali pq ali estão as ferramentas da produção, mas isso não se aplica a nenhum trabalho intelectual. O mundo em sua grande parte ainda não está preparado para a era que estamos vivendo a Era da Informação.
É pena.